Bruno Boghossian /Folha
A entrada de Sergio Moro na corrida presidencial deixa um pouco mais congestionado o cenário de 2022. Com ele, a próxima disputa terá ao menos quatro nomes com altíssimas taxas de conhecimento, anos de atuação na arena política e laços com segmentos fiéis do eleitorado.
Números preliminares sugerem que 2022 começa a se parecer com uma eleição de recall, favorecendo candidatos mais conhecidos. Uma primeira pista está nas pesquisas espontâneas —quando os entrevistados respondem em quem pretendem votar antes de receber uma lista de candidatos. É uma boa maneira de medir o voto cristalizado.
LULA NA FRENTE – No último levantamento do Datafolha, em setembro, Lula aparecia com a preferência imediata de 27% dos eleitores. Jair Bolsonaro era citado espontaneamente por 20%. Só 38% não tinham um nome na ponta da língua no primeiro turno. Pesquisas realizadas nas últimas semanas por outros institutos captaram ainda menos entrevistados em dúvida.
Os números sugerem que há um espaço mais estreito para novos nomes do que em corridas passadas. No fim de 2017, os mesmos Lula e Bolsonaro tinham, respectivamente, 17% e 11% na pesquisa espontânea. Em anos anteriores, nunca houve dois candidatos que, de saída, concentrassem quase metade do eleitorado.
CIRO E MORO – A presença de Ciro e Moro atrai parte dos holofotes restantes. Muito conhecidos, os dois têm índices de rejeição acima da média, mas também contam com um núcleo de apoio resistente. Veteranos não têm garantia de sucesso na urna (vide Geraldo Alckmin e Marina Silva em 2018), mas largam de uma posição mais confortável do que rivais que ainda precisam se apresentar ao eleitor, como é o caso da terceira via.
Bolsonaro, Lula, Ciro e Moro devem concentrar atenções desde a largada. Escândalos, crises, lances da campanha e outras reviravoltas vão sacudir o cenário, mas a participação do quarteto pode fazer com que a disputa tenha menos mobilidade e dificulte o crescimento de forasteiros e novos nomes.
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