O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retornou ao Brasil na última quinta-feira (18) após viagem oficial ao Oriente Médio. Em seis dias, o chefe do Executivo visitou Emirados Árabes, Bahrein e Catar a pretexto de estreitar as relações com as três nações que se destacam pela produção de petróleo e atrair investimentos.
Uma grande comitiva acompanhou o presidente, incluindo nomes não relacionados ao governo. Dois de seus filhos, o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), estiveram no grupo.
A primeira parada foi em Dubai, no último sábado (13), para participar da Expo 2020, além de se reunir com algumas autoridades. Na terça (16), Bolsonaro foi a Manama, capital do Bahrein, onde inaugurou uma embaixada. No dia seguinte, rumou para Doha, capital do Catar. Lá, visitou um dos estádios da Copa do Mundo de Futebol e chegou a passear de moto.
Quase simultaneamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um périplo pela Europa. Um dos primeiros compromissos foi encontrar o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no último dia 12. Pelas redes sociais, o político alemão disse que estava muito satisfeito com a conversa. No fim de outubro, o sucessor de Angela Merkel passou despercebido por Bolsonaro durante sua passagem pelo encontro do G20, em Roma.
Lula discursou no Parlamento Europeu, na Bélgica, segunda passada (15), durante uma conferência do bloco social-democrata voltada à América Latina. Dois dias depois, foi recebido com honras pelo presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris. Segundo o porta-voz do governo francês, a crise sanitária e questões ambientais estiveram na conversa que durou mais de uma hora.
Ontem, foi a vez de o petista se reunir com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em Madri. A comparação entre as duas agendas é inevitável, sendo assunto na imprensa nos últimos dias e causando irritação no presidente Bolsonaro: “Eu vi na GloboNews: ‘Bolsonaro decepciona, Lula é um sucesso’. Ah, pelo amor de Deus”, esbravejou.
Contrastes – Na viagem à Europa, Lula esteve com líderes do primeiro escalão da política mundial, eleitos democraticamente. Em contrapartida, segue apoiando ditaduras de esquerda na América Latina. Já Bolsonaro visitou nações do Golfo Pérsico chefiadas por ditadores. O emir de Dubai, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, com quem o presidente se reuniu, mantém a filha em cativeiro. Essa questão costuma ser minimizada no jogo econômico entre os países. A China, por exemplo, é o principal parceiro comercial do Brasil. Isso mostra que a ideologia é deixada de lado quando o assunto é dinheiro.
“Malucos” – O presidente Bolsonaro chamou de “malucos” os eurodeputados que aplaudiram Lula durante discurso do petista no Parlamento Europeu. “Tinha 20 deputados do PSOL deles, o equivalente. Num universo de 600 parlamentares, tinha 20, 30 presentes. Lógico que pessoal bate palma, tem maluco em tudo quanto é lugar”, afirmou em transmissão pelas redes sociais ontem.
Andar pelo Brasil – Bolsonaro teceu outros comentários sobre a viagem do ex-presidente Lula à Europa. Para ele, o petista teria de “andar pelo Brasil”. O chefe do Executivo também classificou a própria viagem como “excelente” e afirmou que teve “conversas excepcionais”. “O Brasil cada vez mais assumiu destaque no mundo. Há um grande interesse em várias áreas, em especial o agronegócio, a necessidade de segurança alimentar”, defendeu o presidente.
Por Houldine Nascimento
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