As prévias do PSDB não se encerraram ontem, não se tem noção de quando chegarão ao fim, nem tampouco quem, será, finalmente, escolhido candidato ao Palácio do Planalto, fruto de um suposto processo democrático. O que se constatou da vexatória eleição de ontem é que a legenda tucana, que, no poder, de tão organizada, copiava o modelo das convenções americanas, virou laboratório do improviso, da incompetência, da desorganização e do amadorismo.

Bagunçadas, desorganizadas e caras, com um aplicativo de votação ao custo de R$ 1 milhão – e que não funcionou, diga-se de passagem – as prévias traduzem o sentimento que impera no partido hoje: não pode um político sem mandato, sem brilho, sem capacidade e sem competência, como o pernambucano Bruno Araújo, ser o xerife de uma legenda da dimensão do PSDB, que polarizou a disputa pelo poder nos últimos 30 anos com o PT, exceto a eleição passada, vencida por Bolsonaro.

Anunciadas para mostrar que o PSDB pensa e age diferente, respeitando as instâncias de poder em qualquer processo pelo voto livre e soberano, as prévias saem, também, como exemplo de verdadeiro assalto aos cofres públicos. Cada candidato – e foram três – recebeu mais de R$ 1 milhão para a campanha e o partido gastou ainda R$ 1 milhão com um aplicativo que não deu em nada, além de mais R$ 2 milhões com outras despesas. Toda essa dinheirama foi jogada no lixo. Ou no bolso de alguém, provavelmente.

Cabe ao Ministério Público investigar essa imoralidade, um escárnio. Fundo eleitoral é dinheiro do contribuinte, do suor do brasileiro. O MP prestaria um relevante serviço à sociedade brasileira. Além disso tudo, as prévias passaram a impressão de que a tucanada vive hoje no esgoto da política. Ao longo do dia de ontem não faltaram acusações gravíssimas, de compra de voto pelos candidatos a pagamento de propina para travar o aplicativo da votação. João Doria e Eduardo Leite foram acusados de desmandos e de compra de voto.

Se tudo isso não fosse suficiente, uma deputada tucana do Acre, com DNA bolsonarista, armou o maior barraco no local da votação presencial, em Brasília. Aos berros, dizia que que tinha provas de que haviam tentado comprar o seu voto, mas não as apresentou. Ficou a imagem de que foi usada pelo bolsonarismo para estragar uma festa que já havia virado um verdadeiro picadeiro.

Política não é para amadores. A autoria da frase não se sabe até hoje. Atribuíram a Tancredo e até a Tom Jobim, mas este, na verdade, disse que o Brasil não é para amadores. Cai, entretanto, como uma luva para os que insistem num comando tucano incompetente e amador.

Versão para boi dormir – A fundação que desenvolveu o aplicativo de prévias do PSDB afirmou que está investigando as possíveis causas da instabilidade na tecnologia. O partido precisou pausar o pleito devido aos problemas no aplicativo. A Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) negou que falha seja por falta de licenças na tecnologia para suportar o reconhecimento facial dos filiados. “Os votos até agora registrados não serão perdidos, e a segurança do sistema não foi afetada”, disse a Faurgs. A fundação informouj que a investigação começou desde os primeiros relatos de lentidão.

 

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