Por Bruno Boghossian / Folha
A equação original do PT para a escolha do vice de Lula tinha dois elementos principais. O primeiro era simbólico, uma sinalização do petista para ampliar sua base eleitoral e conquistar votos além da esquerda. O segundo era objetivo: a vaga seria usada para atrair um grande partido para a aliança do ex-presidente.
Geraldo Alckmin preencheu o primeiro critério, mas a questão partidária ficou para trás. Nos cenários traçados até aqui, o ex-tucano não agrega ganhos significativos à aliança formal de Lula. Isso porque Alckmin está em busca de um partido que sirva de barriga de aluguel para indicá-lo ao posto de vice.
PALANQUES ESTADUAIS – As negociações com o PSB avançaram, mas o apoio da sigla a Lula depende mais da distribuição de palanques estaduais do que da filiação do ex-governador. Já PV e Solidariedade são siglas pequenas, que não dariam força adicional à chapa petista.
A conta só ficaria completa se Alckmin estivesse num grande partido de centro. O sonho dos petistas é o PSD de Gilberto Kassab, mas a legenda insiste na candidatura de Rodrigo Pacheco ao Planalto. Aliados de Lula não acreditam que a sigla vá mudar de ideia até abril – limite para uma possível filiação do ex-tucano.
Petistas e outros personagens dessa arena dizem que o calendário pode se tornar um obstáculo. Se o PT fechar com Alckmin nos próximos meses, pode perder uma moeda de negociação com outros partidos ou até rever essa decisão para abrigar novos aliados na hora do registro da chapa no TSE, em agosto.
NA RETA FINAL – Integrantes da direção petista não acham impossível reabrir essa discussão aos 45 do segundo tempo caso o PSD abandone a candidatura própria para apoiar Lula.
Até aqui, porém, isso não parece estar nos planos de Kassab, que acredita ter mais chances de expandir a bancada da legenda se adotar um caminho mais “neutro” no primeiro turno.
Se Lula vencer, Kassab pode comandar um partido-chave da base do novo governo. Ou pode ficar com uma bancada menor, mas sentado na cadeira de vice-presidente.
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