Por Guilherme Caetano / O Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que “figuras históricas” do seu partido, como Dilma Rousseff, não teriam espaço num eventual terceiro governo. Ele se referiu também ao ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu, e ao ex-presidente do PT, José Genoíno.

“Não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar de auxiliar em outro governo. A Dilma tem uma competência técnica extraordinária, mas tem muita gente nova que nós vamos colocar. Essas pessoas que têm experiência podem em ajudar com palpite, conversando” — declarou Lula.

NÃO ACEITARIAM… – O petista afirmou que “nenhum deles”, citando os três nomes, aceitaria participar do ministério de um novo governo, caso ele consiga vencer a eleição de outubro e voltar ao Palácio do Planalto.

A declaração foi feita durante entrevista à rádio “Super Notícia”, de Minas Gerais. Questionado sobre por que então teria aceitado assumir em 2016 a Casa Civil de Dilma na reta final de seu governo, então acossado pela Lava-Jato e pela tramitação do processo de impeachment, o ex-presidente respondeu que tentou convencer Dilma da “ineficácia” de levá-lo ao governo, e que seria um incômodo tanto para a então mandatária quanto para ele.

Lula foi perguntando sobre as críticas que vem recebendo de setores da esquerda sobre ter como vice o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, um dos fundadores do PSDB, partido que rivaliza com o PT desde a década de 1990. O ex-tucano se filiou na quarta-feira ao PSB e deu mais um passo para confirmar a aliança com o ex-presidente, visando a eleição de outubro. “Contraditório seria eu ter um vice do PT, porque seria uma soma zero. Não acrescentaria nada” — afirmou.

LAVA-JATO – O ex-presidente chamou os ex-integrantes da força-tarefa de “moleques” e de “bando de messiânicos”, ao comentar a nova derrota sofrida pela Lava-Jato. Na quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o ex-procurador Deltan Dallagnol a indenizá-lo em R$ 75 mil pelo PowerPoint que apontou o petista como comandante de um esquema de desvios na Petrobras.

“Eu ainda vou abrir mais alguns processos. Eu não quero agora discutir no processo eleitoral, porque eu não vou mexer nisso. Mas as pessoas que mentiram para a sociedade brasileira, essa gente precisa efetivamente ser punida pela instituição” — disse, referindo-se ao Ministério Público Federal.

Assim como já havia dito semanas atrás sobre um possível apoio nas eleições ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), Lula reiterou nesta quarta-feira que trabalhar para fechar a aliança, mas que o acordo depende da disputa ao Senado no estado. Isso porque o PSD quer lançar o senador Alexandre Silveira e o PT, o deputado federal Reginaldo Lopes.

ACORDO EM MINAS – O petista afirmou que o estado, que tem a segunda maior população do Brasil, é importante tanto para o PT quanto para o PSD, e que os dois partidos vão precisar chegar a uma definição até o fim da próxima semana, quando se encerra o prazo para filiação visando a eleição. Ele diz estar conversando com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para chegar a uma definição.

“Vou manter as conversas também com o prefeito Kalil, de Belo Horizonte. Precisa ter uma definição até 2 de abril. A verdade é que eu preciso do Kalil, e o Kalil precisa de mim. Se nós dois nos juntarmos, faremos uma chapa muito forte em Minas Gerais” — declarou.

 

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