Por Pedro do Coutto
O levantamento do Datafolha concluído na quinta-feira à noite, comentado em seguida pelo programa de Natuza Nery na GloboNews e objeto ontem, sexta-feira, de reportagens de O Globo e da Folha de S. Paulo, revela a manutenção da dúvida se haverá ou não segundo turno nas eleições para Presidência da República, na minha opinião dependendo do volume de votos com que Ciro Gomes terminará a campanha.
Lula manteve 45%, Bolsonaro 33%, Ciro Gomes 8%, Simone Tebet 5%, mas o alvo da campanha lulista concentra-se contra Ciro Gomes pelo voto útil. A reportagem do O Globo é de Marlen Couto e Luã Marinatto. Na Folha de S. Paulo é de Igor Gielow. Não há praticamente alteração entre essa última pesquisa do Datafolha e a que a antecedeu.
MÁQUINA DO PODER – Em relação à pesquisa do Ipec, há diferença de pontos que podem envolver o segundo turno. Mas o sentido geral de ambos os levantamentos coincide na diferença de votos entre Lula e Bolsonaro. Além disso, deve-.se levar em conta que Boslonaro não representa uma candidatura essencialmente forte, uma vez que ele alcança uma porcentagem de 33% em virtude dos eleitores apaixonados e da máquina do poder.
Na quarta-feira da próxima semana está sendo anunciado um documento de setores do PDT contra o posicionamento de Ciro Gomes que vem atacando Lula de forma incessante e com isso ajudando Bolsonaro. Não ao ponto de turbinar a sua campanha, mas na medida exata de transferir a decisão final das urnas do dia 2 para o dia 30 de outubro. Essa é a incógnita que permanece sobre as eleições deste ano.
RETA DE CHEGADA – Faltando praticamente 15 dias para as urnas de 2 de outubro, nos encontramos na entrada da reta final do confronto, reta de chegada na qual ocorrem sempre alterações num sentido ou no outro em matéria de ajuste de votos. Esse aspecto que sempre acontece nas eleições foi focalizado ontem na Folha de S. Paulo, pela jornalista Mariliz Pereira Jorge que destacou o fenômeno que se repete de uma eleição para outra, acentuando que começou o período em que ocorrem mudanças de votos.
Ela tem razão. Endosso com base no acompanhamento de pesquisas eleitorais que faço desde 1955. Os segmentos de menor renda custam mais um pouco para decidir que rumo tomar, pode ser que nas eleições deste ano não ocorra isso, no caso do eleitorado de remuneração menor. Mas ficou claro que o Auxílio Brasil não fez efeito.
CAPTAÇÃO DE RECURSOS – Vítor da Costa em excelente reportagem na edição de ontem de O Globo, destaca a campanha que várias empresas desencadearam esta semana para captação de recursos no mercado financeiro. Consequência, acentua a matéria, da alta de juros e da volatilidade do cenário internacional.
Os títulos da dívida interna brasileira encontram-se aquecidos em face da taxa Selic de 13,75%. O repórter cita nominalmente vários fundos e setores que estão anunciando a oferta dos papéis. Várias empresas buscam recursos para novos investimentos e para financiar aquisições.
Mas no meio desse vendaval que nos primeiros meses do ano somaram R$ 209 bilhões, surgem ofertas baseadas em publicidade que apresentam remunerações excessivas. Às vezes, não se referem às condições de perda caso os tomadores dos papéis tenham que fazer resgate antecipado deles. Por isso, sugiro que essa condição seja examinada por aqueles que estão dispostos a realizar operações financeiras anunciadas à base de títulos privados.
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