Por Pedro do Coutto
A poucos dias do dia 2 de outubro, a emoção predomina na disposição final e irreversível dos votos dos eleitores e das eleitoras nas próximas urnas. É o fato mais importante neste instante. Projetos, teses, programa de governo dão lugar a um embate marcado por uma conotação própria das competições esportivas.
O eleitorado vibra com os candidatos que apoiam através do impulso que cada um tem dentro de si no momento de efetivar o seu voto. O sentimento é decisivo tanto no plano federal, quanto nos planos estaduais.
FAVORITISMO – O plano federal, na minha opinião, vem com Lula, uma vez que, de acordo com reportagem de Jussara Soares, Alice Cravo e Daniel Gullino, O Globo deste sábado, o comando da campanha de Jair Bolsonaro apresenta sinais de desânimo e existe uma incógnita como o presidente da República vai conduzir os seus pronunciamentos nesta fase derradeira.
É verdade que existirá o debate na TV Globo no dia 29. Será a sua última cartada. O debate de ontem no SBT não contou com a presença do ex-presidente da República, mas um dos motivos que vai se acrescentar à emoção nos últimos dias da campanha concentra-se sobretudo na pesquisa do Datafolha, focalizada em matéria de ontem também de O Globo, revelando que 11% dos eleitores, especialmente os de Ciro Gomes e de Simone Tebet, poderão optar pelo voto útil nesta reta de chegada.
O voto útil destina-se a acrescentar e consolidar votos em Lula para que ele vença no primeiro turno. E, só o fato de existir dúvidas se as eleições serão decididas no primeiro ou no segundo turno já favorecem o candidato do PT.
MANOBRA – O imprevisto faz parte das competições, sejam elas esportivas ou políticas. Na quinta-feira, o senador Flávio Bolsonaro foi à Justiça Eleitoral para que o UOL retirasse do ar a matéria sobre os 51 imóveis adquiridos por integrantes da sua família, considerando que o processo envolvendo a questão estava suspenso por uma decisão judicial.
O UOL, ligado ao grupo Folha de S. Paulo, recorreu ao Supremo e o recurso caiu nas mãos do ministro André Mendonça. Numa decisão liminar, Mendonça aceitou as razões do UOL e considerou o bloqueio como uma censura que é inconstitucional no país. O caso estava adormecido e o senador Flávio Bolsonaro o despertou. Com isso causou uma repercussão enorme de um fato que já estava meio esquecido pela opinião pública. O imprevisto prevaleceu sobre a lógica.
CONTROVÉRSIA – Reportagem de Nathalia Garcia, Folha de S. Paulo, edição de sexta-feira, revela que setores do Banco Central, embora a meu ver pareça incrível, passaram a admitir a possibilidade de o aumento de empregos no país contribuir para acelerar a inflação na medida em que um aumento do poder de consumo possa ser fator de pressão para que os preços subam ainda mais.
É impressionante a tentativa de camuflagem do conservadorismo em relação ao processo do aumento de preços. Até o aumento do nível de emprego é previamente apresentado como desculpa para que a inflação se eleve.
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