Foto: Renato Alves/ Agência Brasília

Durante depoimento prestado hoje na Polícia Federal, o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que ficou sabendo dos atos antidemocráticos pela televisão e que a cúpula da segurança pública falava em “cenário tranquilo” no início da tarde do último domingo.

Em seu relato, Ibaneis responsabiliza o ex-secretário de segurança Anderson Torres e seu adjunto Fernando de Souza Oliveira por falhas no policiamento e monitoramento dos manifestantes radicais.

Outro detalhe do depoimento é que, ao contrário do que indicou ao longo da semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, tinha conhecimento e demonstrou preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes na capital federal.

“Eventuais relatórios de inteligência ficavam restritos à secretaria de segurança, e apenas chagava ao governador o que realmente importava para suas decisões”, disse Ibaneis no depoimento, reforçando que ele não recebia o detalhamento operacional das ações da Secretaria de Segurança Pública.

“A Secretaria de Segurança Pública estava encarregada integralmente de fazer o planejamento, para garantir a segurança dos atos que se anunciavam para o dia 08 de janeiro”, reforçou o emedebista.

“Em 07 de janeiro, recebi uma mensagem WhatsApp do ministro Flavio Dino, relatando preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes”, reforçou Ibaneis.

Nesse momento, ele entrou em contato com Anderson Torres, mas o ex-secretário já estava nos Estados Unidos. Torres então passou o contato do seu interino, Fernando de Souza Oliveira. Oliveira, nesse momento, disse que tinha conhecimento dos atos. Mas as manifestações, naquele momento, seriam em caráter pacífico.

“Às 08h27 [do dia 8 de janeiro], o referido delegado encaminhou uma mensagem de áudio onde relatava a situação da madrugada e do início do dia, segundo ele não havendo nenhuma ocorrência relacionada aos manifestantes estando ‘tudo bem tranquilo’. Às 13h23, recebi um novo áudio do delegado Fernando passando o último informe do meio dia: ‘tudo tranquilo’.”

Ibaneis reforçou que todas as mensagens foram repassadas a Dino.

“Às 15h39, ao acompanhar pela TV o início de um tumulto próximo do Congresso Nacional, determinou ao secretário de segurança em exercício ‘coloca tudo na rua’ e na sequência ainda disse: ‘tira esses vagabundos do Congresso e prendam o máximo possível’”.

O Antagonista

 

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