Via Jornal de Fato

Não há uma decisão tomada, mas um caminho traçado para o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, deixar o Solidariedade e se filiar ao União Brasil. Essa foi a pauta da reunião entre ele e o presidente estadual do partido, ex-senador José Agripino Maia. Os dois confirmaram o encontro nas redes sociais e deixaram evidenciado o entendimento entre ambos.

– Longa conversa com o pref Allyson Bezerra, de Mossoró, na manhã dessa segunda-feira. Política e gestão na pauta. Bons ventos – escreveu Agripino em sua conta no Instagram.

– Excelente conversa e sempre importante a experiência política e de gestão do senador @joseagripinomaia. Forte abraço – respondeu Allyson, na mesma postagem.

A aproximação de Allyson com Agripino começou em 2018, quando o então candidato a prefeito de Mossoró procurou Agripino para convencer a ex-prefeita Cláudia Regina, na época liderada pelo Agripino, ser a vice em sua chapa. A relação política avançou no ano passado, quando os dois estiveram juntos em algumas ocasiões para discutir o apoio ao senador eleito Rogério Marinho, do PL. O União Brasil, de Agripino, e o Solidariedade, de Allyson, pediram voto para o candidato bolsonarista. A partir daí, a relação política ficou mais próxima.

A provável filiação de Allyson ao União, porém, depende de algumas decisões que Agripino precisa tomar em relação a Mossoró. O partido é liderado em Mossoró pela ex-deputada Sandra Rosado, mãe da vereadora Larissa Rosado, que faz oposição ao prefeito. O presidente da comissão provisória é o ex-vereador Lahyre Neto, filho de Sandra.

Allyson só vai para o União se assumir o controle do partido. Se a exigência for atendida, Agripino terá que convencer ao grupo de Sandra passar a ser liderado pelo prefeito ou deixar a sigla, na qual ingressou no final de março de 2022.

A reportagem do Jornal de Fato ouviu Larissa Rosado sobre o assunto, mas ela foi breve em suas palavras. “Ainda é muito cedo para falar sobre o assunto”, resumiu no contato por telefone, quando retornava de Fortaleza-CE para Mossoró na tarde desta segunda-feira, 30.

Reeleição

Allyson Bezerra precisa ter um partido forte para acomodar o seu projeto político, que é renovar o mandato nas eleições 2024 e, por consequência, tentar alçar voos mais altos nas eleições gerais de 2026. O Solidariedade saiu derrotado das urnas em 2022, principalmente com a derrota de seus dois principais candidatos à Câmara: Kelps Lima, que está se despedindo da Assembleia Legislativa, e Lawrence Amorim, presidente da Câmara Municipal de Mossoró.

O prefeito vai ouvir o Solidariedade sobre os planos que o partido tem para 2024. Quer saber, também, se o partido, que apoia o governo Lula (PT) com Paulinho da Força, pode destravar pautas importantes para Mossoró no Governo Federal. Depois daí, ele tomará uma decisão.

Agripino perdeu a sua base política em Mossoró

José Agripino Maia viveu parceria política histórica com o rosalbismo, grupo liderado por Carlos Augusto, esposo de Rosalba Ciarlini (ex-prefeita, ex-governadora e ex-senadora). A união foi construída pelo ex-governador Tarcísio Maia (falecido em 10 de outubro de 1998) e fortalecida com a liderança de Agripino por mais de três décadas.

O rompimento ocorreu em 2014, quando Agripino, presidente estadual do Democratas (hoje União), negou legenda para Rosalba, então governadora do RN, exercer o direito natural à reeleição. Ele optou por apoiar a candidatura derrotada do ex-deputado federal Henrique Alves (na época do MDB, hoje filiado ao PSB).

Agripino transferiu a liderança do seu grupo em Mossoró para a ex-prefeita Cláudia Regina. Em 2020, o ex-senador pediu para Cláudia ser a vice na chapa de Allyson Bezerra, mas ela rejeitou o convite e manteve a candidatura à prefeita, terminando o pleito em quarto lugar com apenas 4.046 votos (2,94%).

A relação entre os dois ficou insustentável em 2022, quando Agripino Maia, já com o União Brasil, entregou a o partido em Mossoró para o grupo de Sandra Rosado, que foi candidata à deputada federal, sem sucesso. Cláudia decidiu deixar a liderança de Agripino depois de quatro décadas. Ela apoiou nas eleições do ano passado as candidaturas de João Maia e Neílton Diógenes, eleitos deputados federal e estadual pelo PL.

 

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