Por Pedro do Coutto
Numa excelente reportagem em O Globo deste domingo, Glauce Cavalcanti focaliza o problema que vem atingindo uma série de empresas, entre elas as Lojas Americanas, causados pelos juros altos e o consumo fraco , decorrência clara da perda de poder aquisitivo dos salários dos que trabalham pelo fato dos mesmos não serem reajustados ao nível da inflação; um diferencial que cria um abismo entre o trabalho e o capital através dos anos. O exemplo das Lojas Americanas está citado na matéria e também é focalizado por Elio Gaspari.
O fato das Americanas é um pouco fora da curva. O rombo de R$ 40 bilhões acumulou-se no tempo sem que os balanços das empresas refletissem a real situação. Com isso, foram pagos dividendos indevidos, uma vez que eles existiam apenas no papel e no bolso dos controladores, pois quando a situação apertou o cenário foi o que se viu, com pressão dos bancos que deixaram se iludir pelas aparências.
INCOMPETÊNCIA – Isso, para efeito de equipes executivas das instituições bancárias, é algo muito grave. É afastada a hipótese de conivência, pois não faria sentido. Houve sim incompetência em deixar um sério acompanhamento para lá e enfrentar situações difíceis.
O fato é que se alguém confrontar os salários nos últimos anos e comparar a inflação registrada e os reajustes aplicados aos salários verá uma diferença absurda. A reportagem afirma que a tempestade é perfeita e os ingredientes caminham para o resultado observado, citando ainda casos como a Oi, a Marisa, a Tok Stok entre as principais empresas que registram queda de vendas. De fato, os juros altos afugentam os consumidores e continuam sendo a política do governo, já que a Selic encontra-se ainda em 13,75%. Esse é o quadro no qual o país ainda se encontra.
O governo Lula empenha-se em encontrar um novo caminho, mas depara-se com as contradições abertas, sobretudo pelo Banco Central. Os efeitos inflacionários revertem-se em algo positivo para os investidores, mas prejudicial para os consumidores. A saída baseia-se na redistribuição de renda. Mas nem todos apoiam esse projeto.
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