Por Pedro do Coutto
O presidente Lula da Silva, o ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet voltaram a atacar os juros de 13,75% fixados pelo Banco Central para correção da Selic e sustentaram que os juros nessa escala impedem o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
“O país não pode ser refém de um único homem”, disse Lula. A reportagem, O Globo nesta sexta-feira, é de Alice Cravo, Bruno Góes, Renan Monteiro, Fernanda Trisotto e Eliane Oliveira.
PENSAMENTO OPOSTO – Na minha opinião – acrescento – o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não poderá resistir no cargo porque ninguém, tenha mandato ou não tenha, possua autonomia ou não, não pode representar um pensamento contrário ao do próprio governo e permanecer no posto.
A sua permanência vai inibir em seu próprio desempenho, é óbvio. E se permanecesse, estaria abalando seriamente a autoridade do presidente da República. O Banco Central não pode assumir uma posição frontalmente contrária a do Palácio do Planalto.
PIB – O IBGE divulgou, na quinta-feira, dados que encontrou apontando um crescimento de 2,9% para o Produto Interno Brasileiro. Reportagem de Cássia Almeida e Vitor da Costa, O Globo de ontem, destaca a conclusão.
Mas, francamente, não encontro, pelo menos à primeira vista, onde se localizam os resultados concretos desse crescimento, pois a sua confirmação englobaria um crescimento do emprego formal e não a informalidade verificada. Muito alta, em cerca de 40% da mão-de-obra ativa. De outro lado, a arrecadação federal teria refletido o crescimento, e as contas públicas no Orçamento para este ano não teriam uma perspectiva de déficit no patamar apresentado.
O IBGE acentua que no quarto trimestre houve um retrocesso econômico. Entretanto, em matéria de estatais, é preciso definir sobre que base absoluta incidem os cálculos percentuais . Pois o crescimento de 2,9% pode não ser do PIB de R$ 6,5 trilhões, mas em relação ao desempenho do ano anterior. E se no ano anterior a base for baixa, o resultado concreto da aplicação será reduzido.
SERVIÇOS – O fato é que nos cálculos do IBGE é apontado como um dos fatores do crescimento do PIB os serviços que teriam avançado em 4,2%. A estatística inclui os serviços diversos onde é apontado um crescimento de 11,3%. Que diferença é essa entre os serviços? A indústria de transformação recuou dois pontos.
Outro fator de crescimento apontado foi a liberação de recursos do FGTS, mas essa inclui vários destinos. Um é para atender vítimas de catástrofes do tempo, outro para o saque-aniversário, outro para rescisões contratuais de trabalhadores formais, e por aí vai. A liberação não é um ato isolado. Ele está dividido em vários setores e nem todos produtivos. Se o PIB tivesse realmente avançado 2,9%, as receitas do FGTS e do INSS teriam subido, da mesma forma que a arrecadação do PIS e do PASEP, além da arrecadação tributária nacional. Isso não aconteceu. Os cálculos do IBGE precisam ser revistos.
Para o presidente Lula da Silva, a economia de 2,9% em 2022 “é nada” e Fernando Haddad destaca a retração verificada no quarto trimestre, que teria causado um desastre no crescimento econômico. Mas o IBGE não considera essa queda na média que apresentou.
EXPLICAÇÕES – O presidente Lula da Silva convocou o ministro Juscelino Filho, das Comunicações, para dar explicações na segunda-feira, no Planalto, sobre a sua viagem para Espanha e Portugal usada para adquirir cavalos, e para a qual recebeu diárias no total de R$ 34 mil. Bernardo Mello Franco publicou artigo ontem no O Globo colocando a questão e a dificuldade de se manter o ministro no posto. Lula afirmou, em matéria de Mariana Holanda e Matheus Teixeira, Folha de S. Paulo, que Juscelino Filho terá que comprovar a sua inocência. Caso contrário, terá que deixar o governo. Já, por si, o fato já é suficiente para abalar a permanência do ministro no cargo.
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