Depois de ter recebido em 2022 a pior nota do País no Ensino Médio Público da rede estadual, com apenas 2,8 de média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), mais um índice demonstra as falhas na educação do Estado.
O RN está entre os cinco estados do país com mais estudantes “atrasados”, ou seja fora da faixa etária indicada para o Ensino Médio. Os dados da mais recente PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que 33,4%, ou 48 mil estudantes, não conseguirão concluir o ensino médio na idade regular de 17 anos.
Os dados do IBGE demonstram o abismo existente entre o Ensino Fundamental, de responsabilidade dos municípios, e o Ensino Médio, gerido pelo Estado. No caso dos alunos de 6 a 14 anos, de Ensino fundamental, 96,9% deles estão na faixa etária ideal. Já quando estes alunos chegam ao Ensino Médio, essa proporção cai para apenas 66,6%, ou seja uma queda de 30 pontos percentuais.
Observa-se aí uma queda de mais de 30 pontos percentuais entre a quantidade de alunos que estão no fundamental e conseguem chegar ao médio na idade certa. É a maior diferença entre os estados do Nordeste de um nível para outro e a terceira no ranking nacional dos 27 estados e o Distrito Federal.
Segundo o IBGE, o estado tem 146 mil estudantes no ensino médio no estado. Desses, segundo informações do SigEduc – Sistema Integrado de Gestão de Educação, da Secretaria Estadual de Educação (SEEC), 117.058 se matricularam na na rede estadual. Os dados se referem a 2022 e preocupam em relação àqueles que estão fora de faixa.
O cenário também é reflexo da pandemia da covid-19 que interrompeu as aulas presenciais, sendo que muitos jovens não conseguiram acompanhar aulas virtuais e precisaram se dedicar a alguma atividade laboral para ajudar a família, resultando em desistências e reprovações.
“Existia distorção de idade em anos anteriores, mas agora é muito maior. Aqui aumentou 60%. Temos estudantes de 18… 19 anos na primeira, na segunda série do ensino médio”, relata o vice-diretor da Escola Estadual Winston Churchill, no Centro de Natal, professor Ítalo Yuri.
A especialista em educação, professora Cláudia Santa Rosa, diz que a educação passa por uma realidade delicada e não apenas no Rio Grande do Norte, mas em todo o país. “Temos uma Escola com pouca vontade de atrair e manter o jovem e eles enxergam que é melhor estar fora da escola e no mercado de trabalho informal, inclusive, porque vêem uma escola desinteressante. Não há conexão entre currículo escolar, estrutura das escolas e anseios dos jovens”, pontua a professora.
Fonte: Tribuna do Norte
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