Por Rudolfo Lago
A mexida levou três meses para afinal ser feita. Alguns detalhes ainda restam para que seja finalmente saciada a fome do Centrão por cargos e verbas. Mas, na prática, o que deverá de fato significar para a ampliação da base do governo a entrada no primeiro escalão do deputado André Fufuca (PP-MA) no Ministério do Esporte e do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) em Portos e Aeroportos? “Na prática, pode significar nada ou muito pouco”, resume, em análise para o Correio da Manhã, o cientista político André Cesar, da Hold Assessoria.
Ao aceitarem os cargos de ministros, tanto Fufuca quanto Sílvio Costa Filho foram instados a pedir licença dos cargos que exercem em seus partidos. Fufuca irá licenciar-se do cargo de direção no PP, e consequentemente, da liderança que exercia na Câmara dos Deputados. E Silvio Costa Filho já pediu licença da presidência do Republicanos em Pernambuco.
Após o anúncio de que Silvio Costa Filho iria para o Ministério de Portos e Aeroportos, o Republicanos divulgou nota em que declara a sua independência com relação ao governo Lula. Ou seja, o partido não integrará a base de Lula. E continuará tendo notórios oposicionistas nos seus quadros. Casos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e dos senadores Hamilton Mourão (RS) e Damares Alves (DF).
Situação igual vislumbra o PP. O partido não integrará a base de Lula. É presidido por um oposicionista, o ex-ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro e atual senador Ciro Nogueira (PP).
Na verdade, a entrada dos dois ministros reforça o comando do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Que lidera um grupo grande de deputados de forma suprapartidária. Esse comando poderá ficar fortalecido, e isso poderá gerar alguma tranquilidade maior a Lula. Mas a definição de fato do tamanho da sua base continuará sendo uma coisa incerta.
“Os dois ministros novos provavelmente não irão alterar a realidade que se viu no primeiro semestre, e as dificuldades decorrentes disso”, avalia André Cesar. “O governo continuará tendo que negociar com o Centrão projeto a projeto”.
Se por um lado o ganho na base com a entrada dos novos ministros é incerto, há um risco latente de problemas com os aliados de primeira hora, quando se veem ameaçados pela mexida.
“Enquanto isso, o PSB vê reduzido o seu naco de poder no governo. Como irá na prática reagir a isso?”, questiona André Cesar. Artífice da aliança entre Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, Márcio França perdeu Portos e Aeroportos e ganhou como prêmio de consolação Pequenas e Médias Empresas, ou Empreendedorismo, que é um apêndice do Ministério da Indústria e Comércio comandado por Alckmin. “Isso será deglutido sem problemas pelo PSB?”, pergunta o cientista político.
E o apoio de setores que vêm sendo atingidos na movimentação? Caso, primeiro, do Turismo, com a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino, e agora do Esporte, com a substituição de Ana Moser por André Fufuca.
“Muito provavelmente, haverá uma nova mudança ministerial no final do ano. Mas terá o governo de fato clareza do que politicamente isso representa?”, questiona André Cesar. “O terceiro governo Lula compreendeu de fato as novas peculiaridades da sua coalizão política?”.
Blog do Magno
Formado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), professor da rede publica. Tenho experiência também em colégios particulares e sou especialista em Assessoria de Comunicação pela UNP.
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