Foto: Câmara dos Deputados
Em áudio atribuído ao deputado federal André Janones (AVANTE), ele cobra parte dos salários de assessores lotados em seu gabinete para pagar as próprias despesas, geradas durante campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016. As declarações foram obtidas e divulgadas nesta segunda-feira (27) pelo jornal Metrópoles.
Janones será denunciado no Conselho de Ética e PGR. O encontro teria ocorrido na sala de reuniões do partido de Janones, na própria Câmara dos Deputados. O deputado tentou sensibilizar os assessores, mas foi claro ao revelar os valores serão gastos em “Casa, carro, poupança e previdência”. Ao realizar o pedido, ele alegou que perdeu boa parte de seus bens durante a campanha eleitoral.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito.
Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, tentou convencer Janones.
Na sequência do áudio, ele alegou ainda que não seria justo os assessores ficarem com 100% de seus salários. Como justificativa, ele cita que seu próprio salário será usado, em boa parte, para cobrir as dívidas. “Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?”.
De acordo com o jornal Metrópoles, o áudio foi gravado pelo jornalista Cefas Luiz, ex-assessor de Janones, em fevereiro de 2019, após o parlamentar se eleger pela primeira vez. Ele afirmou que levará a gravação à Polícia Federal juntamente com outras provas de supostas irregularidades que teriam ocorrido no gabinete do deputado. Até as 11h20 desta manhã, Janones não havia se manifestado sobre o áudio e bloqueou os comentários em seu perfil no Instagram.
Rachadinha
A prática relatada no audio pode ser caracterizada como Rachadinha, nome popular dado ao crime em que ocorre uma transferência de parte ou de todo salário do servidor para o parlamentar ou secretários a partir de um acordo anteriormente estabelecido. O Tribunal Superior Eleitoral decidiu, em 2021, a ação configura os crimes de enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio.
Tribuna do Norte
Poste seu comentário