O Dia Internacional da Mulher, comemorado há 40 anos no dia 8 de março, celebra as conquistas das mulheres, mas também relembra a contínua luta por equivalência de direitos nos âmbitos social, cultural e político da sociedade. Muitas vezes excluídas dos relatos históricos tradicionais, as mulheres tiveram e têm importância fundamental nas transformações ocorridas no país. A lista abaixo reúne algumas brasileiras que se destacaram na construção da nossa história:

Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 – 1885)
Nascida em família de proprietários de terra, Nísia casou-se contra a sua vontade aos 13 anos – e separou depois de pouco tempo, coisa rara na época. Recebeu formação no Convento das Carmelitas, em Goiana (PE), e ainda jovem já dominava os idiomas francês e italiano.

Começou a escrever artigos defendendo a igualdade e independência da mulher e em 1938 abriu um colégio para moças, que oferecia uma combinação de ensino de trabalhos manuais com conhecimentos de línguas e geografia – proposta inovadora para a época.

No Rio de Janeiro, Nísia lecionou e proferiu palestras defendendo a liberdade de cultos e a libertação dos escravos. Além disso, escreveu romances, poesias e trabalhou voluntariamente como enfermeira durante uma epidemia de cólera no Rio de Janeiro.

Nísia passou seus últimos anos na Europa e foi lá que morreu, aos 75 anos. Em 1948, a cidade de Papari (RN), onde ela nasceu, mudou de nome para município Nísia Floresta e recebeu seus restos mortais.

Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935)
Nascida Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a carioca recebeu educação musical desde pequena. Seu marido – ela casou-se aos 16 anos -, no entanto, a proibiu de tocar piano. Apaixonada por música, Chiquinha largou o marido e ingressou no meio musical e boêmio do Rio de Janeiro, tornando-se compositora e maestrina.

Além da carreira na música, foi uma importante ativista pró-abolição e chegou a vender composições de porta em porta para libertar o escravo músico Zé Flauta.

Carolina de Jesus (1914 – 1977)
A mineira descendente de escravos largou a escola na segunda série para trabalhar com a mãe na lavoura. Depois de se mudar para várias cidades do interior de São Paulo onde a mãe trabalhou como doméstica, ela foi parar na capital, onde passou a viver do lixo em uma favela perto do rio Tietê.

Por volta de 1955, Carolina começou a registrar seu cotidiano em um diário. Três anos depois, o jornalista Audálio Dantas reproduzia no “Folha da Noite” algumas passagens do caderno de anotações, o que fez Carolina famosa.

Em 1960, Carolina publicou seu primeiro livro, “Quarto de despejo”, um sucesso de vendas que já foi traduzido para 13 idiomas e mais de 40 países. Continuou escrevendo até sua morte, em 1977.

Maria Lenk (1915 – 2007)
A primeira sul-americana a competir nas Olimpíadas, Maria nasceu em São Paulo, filha de imigrantes alemães. Bateu três recordes mundiais de natação e enfrentou muito preconceito por ser mulher no esporte – ela foi excomungada por um bispo de Amparo (SP) por nadar. Em 1998, ela ganhou três medalhas (duas de prata e três de ouro) no torneio mundial de natação e lutou toda a sua vida pela igualdade de direitos no esporte.

Maria da Penha (nasceu em 1948)
Vítima de violência doméstica, a biofarmacêutica lutou anos na Justiça para que seu ex-marido fosse condenado por dar-lhe um tiro enquanto ela dormia que lhe deixou paraplégica. O agressor foi julgado e condenado, mas conseguiu não ser preso por uma série de recursos da defesa.

Maria não desistiu e levou sua denúncia à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O resultado foi a condenação internacional do Brasil pela maneira com que eram tratados os casos de violência contra a mulher.

O país foi pressionado, então, a cumprir recomendações em relação ao tratamento do tema – o que deu origem à mudança na legislação com a aprovação da Lei Federal 11340, de 2006, que garante medidas protetivas de urgência e torna obrigatória a assistência jurídica à vítima. (G1)

 

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