A Polícia Federal enviou nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) os elementos reunidos até o momento na apuração sobre os supostos casos de assédio cometidos pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Segundo uma pessoa a par do investigação, a PF entende já haver indícios suficientes para abrir o inquérito.
O agora ex-ministro nega as acusações, que chamou de “ilações absurdas” e, em nota após sua demissão, disse que provará sua inocência.
Antes de iniciar uma investigação formal, porém, a PF deseja um posicionamento da Corte sobre em qual instância o caso deve tramitar, já que os fatos relatados teriam ocorrido quando Almeida era ministro, mas foi demitido após o caso vir à tona.
Há dúvida, portanto, se a prerrogativa de foro deve ser mantida e o caso presidido pelo tribunal. A chancela da Corte é vista como central para proteger a investigação e evitar que, futuramente, as diligências possam ser questionadas.
O material remetido ao Supremo refere-se aos achados da investigação preliminar, instaurada na semana passada.
O depoimento de uma suposta vítima de Almeida colhido nesta terça-feira impressionou investigadores pela riqueza de detalhes. A mulher, que procurou a PF voluntariamente, foi ouvida de forma remota e fez um relato minucioso. Para integrantes da PF, o testemunho dela se assemelha a outros relatos que já surgiram sobre a suposta conduta do ex-ministro, o que pode apontar para um padrão.
A PF oficiou a ONG Me Too Brasil, que disse ter recebido denúncias de diversas mulheres contra Almeida, além de universidades nas quais Almeida trabalhou.
Renata Agostini – O Globo
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