Memória – Filho de imigrante italianos e portugueses Amácio Mazzaropi sentiu ainda menino a paixão pela vida artística. Com apenas 14 saiu de casa para atuar no Circo La Paz. Os pais se preocupavam, não viam futuro naquela atividade e desejavam que o filho fosse operário, como eles.

Mazzaropi, porém, não parou mais. Trabalhou em circo, no teatro, em rádio, televisão, até chegar ao cinema, se destacando em todos esses meios de expressão artística. Compôs desde o início um tipo cômico, caipira, que de imediato ganhou a simpatia do povo simples do interior e da capital de São Paulo.

Na década de 40 o rádio viveu sua época de ouro no Brasil. E Mazzaropi foi figura de destaque na Tupi, emissora dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand O programa “Rancho Alegre”, dirigido por Cassiano Gabus Mendes, fez sucesso durante muitos anos e na década seguinte chegou à televisão.

No cinema Mazzaropi estrearia em 1951, na Vera Cruz, com “Sai da Frente”. Em 1958 compraria uma fazenda no interior paulista para montar a sua própria companhia. A partir daí o comediante realizaria seus próprios filmes. No total fez 32 longas, produções sem requintes, com histórias divertidas, refletindo o Brasil rural e suburbano de sua época.

Um dos feitos do artista foi popularizar o “Jeca Tatu”, personagem criado por Monteiro Lobato. Com o cinema o caipira da literatura tornou-se conhecido nacionalmente, de tal modo que o próprio Mazzaropi passou a ser chamado de Jeca e diversos filmes trouxeram este nome no título.

Alguns êxitos de Mazzaropi na tela grande: A Carrocinha (1955), Chico Fumaça (1956), Jeca Tatu (1959), Tristeza de Jeca (1961), O Corintiano (1966), Um Caipira em Bariloche (1973) e O Jeca e a Égua Milagrosa (1980).

Embora não fosse bom ator nem cantor, Mazzaropi conquistava o público com histórias simples e sua brasilidade. Sem pretensões intelectuais, usava uma linguagem direta – como fez Chaplin com genialidade – conseguindo se identificar com homens e mulheres da cidade grande deslocados do seu meio.

Na livraria da Avenida Rui Barbosa aqui de Garanhuns, descobri esta semana uma biografia de Amácio Mazzaropi. Escrito pela jornalista paulista Marcela Matos, conta toda trajetória do descendente de português com italiano. Essa obra inspirou este post.

Mazzaropi morreu em junho de 1981, perto de fazer 70 anos. Deixou um legado importante para a cultura brasileira e os críticos que bateram na sua “superficialidade” e no amadorismo hoje reconhecem seu papel. Em São Paulo existem museu, escolas de arte e ruas homenageando o comediante, cantor, ator e bem sucedido empresário.

Fonte: Roberto Almeida

 

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