O Brasil passou nesta quarta-feira (11) a ter o segundo maior juro real do mundo após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar, mais uma vez, a taxa básica de juros. O Banco Central (BC) decidiu aumentar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.), para 12,25% ao ano.
A decisão foi unânime, tendo votado pela elevação da taxa para 12,25% os seguintes membros do comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
O comunicado do Copom diz que a decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal do país subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses.
Assim, segundo levantamento compilado pelo MoneYou, os juros reais do país ficaram em 9,48%. O líder do ranking é a Turquia, com taxa real de 13,33%.
Na última divulgação, em novembro, o Brasil ocupava a terceira posição da lista. Fatores como o risco fiscal, o câmbio, a inflação e os receios em relação ao pacote de corte de gastos do governo pressionaram o fechamento da taxa real de juros, informou o MoneYou.
Nesta edição do ranking, destaque também para a Argentina, que saltou da última para a 28ª colocação e retornou aos juros reais positivos após “muitos anos”. O movimento é resultado das quedas na taxa de juros e na inflação do país. Agora, a lanterna do ranking ficou com a Holanda.
Alta da Selic
Nesta quarta-feira, o Copom anunciou sua decisão de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para a casa de 12,25% ao ano.
Na decisão anterior, em novembro, a autoridade monetária já havia elevado a taxa básica em 0,50 ponto percentual, para a casa de 11,25% ao ano. A decisão de hoje marca a terceira alta seguida da Selic.
3º aumento seguido
Este é o terceiro aumento consecutivo dos juros no país (setembro, novembro e dezembro), além de ser a maior elevação da taxa desde maio de 2022 — à época, todo o colegiado do BC aprovou acréscimo de 1 ponto percentual na Selic, que ficou em 12,75% ao ano.
Com a decisão, a Selic volta ao mesmo patamar de novembro de 2023. A única diferença é que, à época, o Copom seguia fazendo cortes nos juros do país. Em 2024, a redução da taxa só foi interrompida em 19 de junho, quando se manteve estável em 10,50% ao ano.
Embora significativa, a elevação dos juros não surpreende. Isso porque, além da alta inflação e dólar nas alturas, declarações de integrantes da diretoria do Banco Central deram a entender que o Copom poderia adotar política monetária mais contracionista, ou seja, optar pelo aumento da Selic para frear a subida da inflação.
Em recente declaração, o próximo presidente do BC disse que o atual cenário econômico dá indicativos para “juros mais altos por mais tempo”. De acordo com Galípolo, “parece lógico que, para uma economia que se revela mais dinâmica do que se esperava, somado a uma moeda doméstica mais desvalorizada, isso demande uma política monetária mais contracionista”.
Na ata da última reunião do Copom, realizada entre 5 e 6 de novembro, o BC indicou que o ritmo de ajustes futuros na Selic e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão “ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação“, que cresceu nos últimos meses.
Metrópoles
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