Hoje, 10 de outubro, teremos o debate da BAND logo mais as 22 horas. Embora faltem três semanas para a votação decisiva, os números do Datafolha divulgado ontem são muito menos auspiciosos para Dilma que para Serra.
Dilma tem 54%, Serra tem 46% dos votos válidos. Diferença de 8 pontos. Simplificadamente, podemos portanto dizer que o jogo ficará empatado se Dilma perder 4 pontos para Serra.
Mas a pressão sobre Dilma não decorre apenas da diferença numérica ao que tudo indica decrescente que a separa de Serra.
Deve-se também – como eu havia frisado no parágrafo acima repetido -, a um problema de imagem. Ou antes, a um problema muitíssimo real que, na telinha, se transforma num problema de imagem.
Refiro-me obviamente à origem da candidatura Dilma Rousseff. Ao seu caráter completamente artificial , no sentido preciso que tenho dado a este adjetivo.
Artificial porque o normal de um candidato à presidência é ter galgado muitos degraus na vida pública. Ocupado não só cargos administrativos, mas também político-eletivos. Ser ministra-chefe da Casa Civil foi uma etapa importante, não pretendo negar isso.
Importante, mas não suficiente. E nada, rigorosamente nada, do que Dilma fez durante a campanha – diria até ao longo do último ano – reduziu ou atenuou a legítima preocupação de amplas parcelas do eleitorado em relação ao artificialismo de sua figura.
Muito pelo contrário. Quando ela se viu diante de questionamentos mais fortes, Lula veio correndo socorrê-la, inclusive no horário gratuito, onde tudo é cosmética e estúdio.
Se, na avaliação de Lula, ela tivesse autoridade suficiente , é claro que a teria deixado se defender sozinha. Um assessor qualquer redigiria uma nota e ela a gravaria 10, 15, 20 ou mais vezes, até parecer convincente.
Mas não foi o que aconteceu. Lula preferiu cuidar diretamente da situação. Dessa forma, em vez de ajudar a desfazer ele na verdade agravou a desconfiança de milhões de eleitores quanto ao caráter teleguiado da candidata governista.
Na prática, ao sobrepor sua imagem à de Dilma durante toda a campanha, nas mais variadas situações, chegando até a substituí-la num momento em que era imperativo ela aparecer no limite de sua densidade pessoal e política, o que Lula de fato fez foi confessar – cabe bem aqui este verbo – a irrealidade da candidata que inventou.
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