A IMPERFEITA SABEDORIA

A sua soberba era enorme. Achava que o mundo todo entendia o que ele escrevia. Na maioria das vezes, por pura vaidade, mudava o vocabulário coloquial de seus textos e o substituía por palavras doutas, difíceis de interpretar, mesmo para todos aqueles que sempre o liam. Isso lhe dava enorme prazer, pois toda vez que era perguntado sobre o que significava aquela palavra, aquela frase, ou o próprio texto, ele dizia:

-Não seja prosaico no seu dialeto interpretativo. Libe, pausadamente, o sabor da dialógica lhana – merecedoras dos lauréis literários –, e absorva as renques que dão sentido ao orbe das ideias.

Em seguida, saía sorrindo – sem que ninguém notasse – e se encaminhava para o seu refúgio de reles escritor, tendo como companhia a efêmera vaidade dos pobres de espírito.

Colaborador : Raimundo Antônio