A senadora Marina Silva, que disputou a Presidência da República pelo PV, disse hoje (6), em entrevista à rádio Joven Pan, que a decisão sobre qual candidato o Partido Verde irá apoiar no segundo turno só sairá em duas semanas, quando o comando da legenda se reunirá para tratar do assunto. A convenção está marcada para o dia 17, segundo a coordenação de campanha da senadora. Marina admitiu a possibilidade de o partido não tomar uma posição unânime no apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) na disputa do segundo turno.

“Não se pode dizer que haverá uma decisão única, e sim uma análise de diversos projetos e convicções. Na realidade social e política, não se pode prever um resultado único”, disse. Para a senadora, o segundo turno é “uma benção” para o eleitorado brasileiro. “É uma chance de o eleitor repensar o seu voto sobre a gestão pública e também, para os institutos de pesquisa fazerem uma avaliação. As pessoas têm que entender o que as urnas estão dizendo e elas estão dizendo que as pessoas querem compromissos. Não queremos uma política com a repetição dos mesmos”, acrescentou.

No último domingo (3), Marina conseguiu uma votação expressiva nas urnas, o que forçou a realização do segundo turno. A expectativa inicial era de uma possível vitória da candidata do PT ainda no primeiro turno. Marina recebeu quase 20 milhões de votos (19,33% dos votos válidos).

Agora, tucanos e petistas traçam todo o tipo de estratégia para conquistar o apoio da candidata verde. Parte do PV chegou a declarar, antes mesmo do resultado do primeiro turno, que daria apoio a Serra em um eventual segundo turno. Outra ala do partido, no entanto, formada por remanescentes do PT, quer apoiar Dilma.

Na entrevista à Jovem Pan, Marina avaliou o resultado das pesquisas de intenção de votos realizadas durante a campanha do primeiro turno das eleições deste ano. Por várias vezes, os institutos de pesquisa apontaram a estagnação da candidata do PV e a vitória da candidata petista, com folga, no primeiro turno. Apenas nas últimas semanas, os institutos apontaram a tendência de crescimento do eleitorado de Marina.

“Eu sempre dizia que não iria me render às situações, já que o que eu vejo nas ruas é muito maior do que qualquer resultado de pesquisa. Esse segundo turno tem que ser transformado em um ganho para a democracia e para a população. Estamos tendo a chance de olhar o país de baixo para cima e não de cima para baixo”, considerou.

Marina trocou o PT pelo PV no ano passado. Em maio de 2008, ela deixou o comando do Ministério do Meio Ambiente. Na época, em carta ao presidente Lula, a senadora reclamou da dificuldade em cumprir a agenda ambiental do governo e relacionou o fato a seu pedido de demissão.

“A gota d’água para sair do ministério foi a falta de visão da maioria do partido e do governo em relação ao desafio da sustentabilidade”, disse Marina na entrevista, enfatizando que sua saída da pasta ambiental se deu por divergências e disputas internas com vários representantes do governo, e não só com a chefe da Casa Civil na época, Dilma Rousseff.