A proposta de incorporação do Democratas ao PMDB, atribuída ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), está morta e enterrada, mas serviu para reorganizar a tropa no partido. É o que dizem o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e o pai dele, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que apostam na unificação do partido com o plano de fortalecer o DNA conservador e deixar o papel de linha auxiliar do PSDB para construir candidatura própria à Presidência em 2014.

“Essa hipotética proposta não existe mais. Até Kassab é contra”, afirmou Cesar Maia, em conversa com o Estado por e-mail, sobre a possibilidade de união com o PMDB. “Hoje, ninguém no DEM defende fusão com o PMDB. Nem no PMDB, segundo se diz.”

Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM, também afasta qualquer chance de fusão com PSDB ou PPS. O deputado reeleito disse ter conversado com Kassab, que compreendeu a inviabilidade da união com o PMDB. “Ele sabe que essa posição, nesse momento, não tem apoio no partido. Compreendeu que esse é o momento de refazer a unidade e pensar no futuro”, afirmou hoje o deputado. O flerte de Kassab com o PMDB levou Rodrigo a acertar os ponteiros com várias lideranças do partido.

As conversas alinharam a proposta de fortalecimento ideológico dos Democratas, que têm a intenção de investir no descolamento com o PSDB e focar os esforços da sigla na construção de candidatura própria em 2014 à Presidência da República. A ideia é defendida por líderes como o senador José Agripino (RN), reeleito em meio às baixas da oposição no Senado, e os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), Onyx Lorenzoni (RS) e Roberto Brant (MG). O ex-prefeito Cesar Maia define a estratégia do DEM: “Reforçar sua coluna vertebral conservadora. Isso será feito.”

“Essa discussão sobre fusão mostrou que há uma certeza majoritária no partido. Temos de nos organizar como partido de ideias claras, em favor da propriedade, da economia de mercado, da redução da carga tributária. Tem a proposta de recriação da CPMF aí, uma bola que o governo levantou de graça para nós”, define Rodrigo, comemorando a eleição de dois governadores e 43 deputados na Câmara, apenas dez a menos do que o PSDB.

“O partido que saiu das urnas sobreviveu a todas as análises, críticos e ameaças. A oposição saiu fortalecida”, analisa Rodrigo. “Acredito que o ciclo da Dilma não terá a mesma força popular dos oito anos do governo Lula. O da Dilma não será o primeiro, mas o nono ano do mesmo governo. Precisamos reorganizar as forças para 2014″, avaliou o presidente do DEM.

Fonte: Agência Estado