O brasileiro é fã de cerveja por excelência. E como tudo que desperta paixões, a bebida dá pano para manga em discussões sobre o que é certo ou errado a respeito do consumo. Entre os dilemas mais frequentes estão aqueles relacionados à temperatura ideal, que divide opiniões entre consumidores e público gourmet. O iG Comida propôs a mestres cervejeiros e especialistas no assunto que nos ajudassem a responder dúvidas e mitos sobre a cerveja. Tudo para que o leitor beba melhor – ou ao menos, tenha mais argumento para debater na mesa do bar.

1. Gelada demais x gelada de menos
Gourmets e fãs de cervejas especiais afirmam que a bebida, quando servida em baixíssima temperatura, perde sabor e aroma. Por outro lado, grande parcela da população, consumidora das pilsens comuns, prefere a garrafa “trincando” de gelada. Difícil é dizer quem está correto. Como a forma de consumo é um hábito – e um prazer – o certo mesmo é fazer o que lhe agrada.

Cássio Piccolo, proprietário do bar Frangó, em São Paulo, pensa assim: “Não sou xiita em relação à temperatura. Acho que tudo depende da ocasião e onde você vai consumir. Uma coisa é beber em um ambiente com ar-condicionado, outra é numa praia, sob o sol”, pondera. De qualquer forma, é bom saber que mesmo as pilsens, as cervejas que devem ser consumidas mais geladas, começam a perder sabor quando estão abaixo de 4º C. “Tudo que é excessivamente gelado ou quente amortece as papilas gustativas e influencia no sabor”, explica Cássio, que prefere tomar cervejas encorpadas, como as trapistas, somente refrescadas, a cerca de 14º C, “como se faz com os vinhos”.

2. Como gelar mais rápido?
Preferências à parte, é bom saber artifícios para gelar o mais rápido possível qualquer tipo de cerveja. A dica serve para salvar quem não tem bebida gelada à mão (e quer beber), ou para aquela festa em que todo mundo leva uma caixa – sempre quente, obviamente – e a rotatividade de bebida é grande.
Freezer, freezer com a lata molhada, gelo, gelo com sal, gelo com álcool. São muitas as formas “infalíveis” de gelar rapidamente latinhas e long necks, mas qual é a mais eficiente?

Para o engenheiro químico Sidney dos Santos, trata-se apenas de combinar dois fatores: temperatura baixa e superfície de contato. “Colocar no freezer realmente é a forma de atingir a temperatura mais baixa possível, mas é mais demorado, porque o ar não é um bom condutor de temperatura. A forma mais rápida é colocar bastante gelo e água, para que ela envolva toda a embalagem da bebida e esfrie o líquido rapidamente”, explica. Mas ele alerta: dessa forma é impossível deixar a bebida mais gelada que 0º C grau. “Abaixo disso, também começaria a congelar”. E o sal? “O sal, assim como o álcool, junto com água e gelo, deixam a temperatura ainda mais baixa, tornando bem mais rápido o processo de gelar a cerveja”, completa.

E o que dizer daquelas geladeiras em bares com termostato marcando 3º ou 4º C negativos? “Não se pode esquecer que aquelas geladeiras são abertas o tempo todo e há muita reposição de vasilhames. Se as bebidas ficassem lá direto, com a porta fechada, iriam congelar”, explica Cássio. Segundo a Lorousse da Cerveja, a bebida congela a -2,5º C.