Por Dora Kramer

O PT não incorporou só o que havia de melhor no PSDB – a defesa da estabilidade econômica -, aderiu também ao que há de pior: a lógica de que a realização de prévias como forma de escolha de candidatos faz mal ao partido.

Concepção, de resto, amplamente aceita e adotada pelas demais legendas que preferem ser cartórios de candidaturas a serviço das cúpulas a agremiações referidas nesta ou naquela corrente de pensamento político.

Uma das melhores características do PT ao longo de sua trajetória foi o exercício da democracia interna. Por vezes levada ao paroxismo na briga paralisante entre tendências, mas proveitosa no tocante à identificação entre o partido e suas bases.

É certo que a cúpula petista nem sempre respeitou os resultados, como no já célebre equívoco de 1997, quando ignorou a indicação de Wladimir Palmeira como candidato ao governo do Rio no ano seguinte, interveio em favor de uma aliança com Anthony Garotinho e iniciou o processo de declínio do partido no Estado.

Mas, de um modo geral, era o único partido que tinha a consulta ampla como método de escolha de candidatos e de políticas a serem executadas.

A riqueza da vida partidária do PT se expressava na realização de encontros abertos que permitiam a todo tipo de interessado (militantes, simpatizantes, adversários, jornalistas, cientistas etc.) acompanhar o processo de tomada de decisão e de evolução do partido. (O Estado de S.Paulo)