A CPI sobre a Operação Monte Carlo é absolutamente necessária. Ponto número um. Instalar ou não uma CPI é decisão de competência exclusiva do Poder Legislativo e o Executivo não tem nada a ver com isso. Ponto número dois. Dito isso, a presidente Dilma Rousseff pode se preparar para um espetáculo de consequências imprevisíveis e que irá paralisar a agenda legislativa daqui até o fim de 2012 – até porque, depois da CPI, virão as eleições municipais.

Os principais personagens deste espetáculo serão velhas raposas da política, que já estão garantindo lugar de honra. Ao que tudo indica, o presidente da comissão, a ser indicado pelo PMDB, será o senador Romero Jucá. A relatoria, cargo do PT, caberá ao deputado Cândido Vaccarezza. Curiosamente, dois articuladores políticos que acabaram de ser substituídos pela presidente. Jucá era líder do governo no Senado e Vaccarezza na Câmara. Como irão se comportar depois de terem sido trocados por Dilma?

Na CPI, outras raposas políticas terão presença garantida. Neste contexto, Dilma dificilmente conseguirá tomar qualquer inciativa relevante no Congresso. Em resumo: 2012 parece ser um ano perdido para qualquer tentativa de reformas no Congresso. E em 2013, naturalmente, já se começará a falar na sucessão presidencial.

Não haverá fusão:

Abatido pelo escândalo da Operação Monte Carlo, que sugou o senador Demóstenes Torres, o DEM, antigo PFL, nega que esteja cogitando uma fusão com o PSDB. De acordo com o presidente da sigla, Agripino Maia (DEM/RN), o partido tem um papel especial na política brasileira. “O espaço que nos está reservado é o da centro-direita, com ideias liberais”, disse ele ao jornal O Globo. “Este é um país que está ficando menos competitivo a cada dia. Esse tamanho do Estado brasileiro, a enorme carga tributária e o aumento do gasto público são inviáveis no longo prazo.”

O DEM ainda mantém uma arrecadação de R$ 5,4 milhões por ano do fundo partidário e mantém como principais estrelas, além de Agripino, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia. Com a queda de Demóstenes, o discurso da ética se perdeu. Agripino, no entanto, destaca a possibilidade que o partido tem de eleger prefeitos em cidades como Salvador, Aracaju, Macapá, Feira de Santana e Mossoró como um sinal da “força” do partido. O fato, no entanto, é que, desde o avanço de programas sociais como o Bolsa Família, o DEM começou a perder espaço nos rincões do País, que antes eram dominados por coronéis da política.

Fonte: Portal 247