Celso Russomanno pode se eleger prefeito de São Paulo, bem como pode não resistir à supremacia do tempo de televisão e à força das máquinas federal, estadual e municipal que trabalham para levar a tradicional dicotomia entre PT e PSDB à reta final da disputa tida como a mais importante dessas eleições.

Tanto faz. Ainda que o “azarão” sucumba ao peso das estruturas, os presumidos favoritos chegarão ao segundo turno sob o efeito de uma mensagem do eleitorado que, se bem compreendida e traduzida, lhes será de grande utilidade para o futuro.

O recado é claro: notadamente nas grandes cidades – e a maior delas sai na frente na exposição dessa evidência – o eleitor preza sua autonomia, não segue o roteiro montado nas “oficinas” partidárias nem responde aos ditames das regras do manual do político profissional.

Como se dissesse: não tentem me manipular, não queiram me enquadrar porque tenho autonomia de voo.

Pelo “livrinho” de ritos, Russomanno serviria ao PT para impedir a ampliação do quadro de alianças e para tirar votos do PSDB. A este, a presença do candidato do PRB prestaria o mesmo serviço com sinal trocado, além de avançar sobre a periferia órfã com a ausência de Marta Suplicy da disputa e da campanha.(Estadão)