A imagem de Dilma e Campos sobre uma casa nordestina. A campanha rachará a região (Montagem fotográfica: Alexandre Lucas )

A viagem ao sertão, a partir do litoral pernambucano, é marcada pela mudança na paisagem. De início, a grama é verde, e o gado pasta. Perto da chegada, a vegetação é seca, e as carcaças de animais na beira da estrada se tornam comuns. Assolado pela maior seca dos últimos 50 anos, o Nordeste está devastado. Mais de 1.000 municípios já declararam estado de calamidade pública, e 20 milhões de pessoas sofrem com a escassez de chuvas. O Nordeste está também dividido. Entre as agruras da seca e a recente bonança econômica. Entre a morte do gado e o Bolsa Família. Entre Dilma e Eduardo. No sertão de Pernambuco, a cidade de Calumbi, a 415 quilômetros do Recife, deu em 2010 96,5% de seus votos a Dilma Rousseff (PT). No mesmo ano, 98,5% de seus eleitores votaram em Eduardo Campos (PSB) para governador. Em 2014, é provável que tenham de escolher entre um e outro.

Calumbi é um exemplo vivo da lua de mel entre nordestinos e o Partido dos Trabalhadores e seus aliados na última década – que garantiu ao PT as vitórias nas duas últimas eleições presidenciais. Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva obtivera 95,1% dos votos em Calumbi, praticamente o mesmo índice que ajudou a levar Dilma à Presidência. O desempenho de Campos em 2010, quando era aliado fiel de Lula, impressiona ainda mais em números absolutos: 3.577 votos na cidade, contra 55 de todos os adversários. “Sempre votei nos três (Lula, Dilma e Campos), mas, se no ano que vem for Dilma contra Eduardo, não sei o que fazer”, diz Ailton Moura, dono de um pequeno mercado no centro de Calumbi. “Hoje, votaria no Eduardo, mas acho que o pessoal vai com Dilma por causa do Fome Zero.” Moura passou a vender 20% mais após a introdução do Bolsa Família. “É mais dinheiro girando, e o pessoal vindo da roça para comprar.”(Época)