Por Heron Guimarães

 

Quando Lula anunciou a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil e Dilma Rousseff confirmou a Jornada da Juventude para o Rio de Janeiro, o que se esperava era a consagração dos dois governantes. Aliado aos programas sociais, o pacote estava completo: pão e circo “à la vonté”.

As duas estrelas do “lulismo” não imaginavam que os megaeventos pudessem contribuir para uma reviravolta na popularidade de um projeto de governo que chegou a contar com mais de 80% de apoio popular.

A Copa das Confederações, apesar de não ter sido o gatilho para a insatisfação – muitos atribuem isso à economia –, foi o cenário ideal para o grito de “basta” de multidões pelo Brasil afora.

Os custos elevados para se entrar nos estádios, impraticáveis pela grande maioria dos eleitores do PT, as obras inacabadas e a desorganização do torneio funcionaram como tempero para o sentimento de revolta que se alastrou pela nação.

Nessa semana, a visita do papa Francisco voltou a colocar a dupla Lula e Dilma em xeque. O que era para ser notícia positiva por todo o mundo e ter funcionado como efeito anestésico para os insurgentes transformou-se em novo palco de constrangimentos.

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, por descuido ou mágoa, não cumprimentou a presidente após receber a bênção do papa. Erro, gafe ou rancor? De qualquer forma, mais um agravante para a relação entre Executivo e Judiciário.

 

CABRAL, O PIOR

 

O governador fluminense, Sérgio Cabral, tido como o queridinho de Lula e Dilma, passa pelo pior momento de sua carreira política e de sua vida pessoal. Considerado o pior governador pela mais recente pesquisa do Ibope, ele, que já esteve no topo do ranking dos políticos mais bem-avaliados do país, nem sequer tem condições de sair de casa, sendo hostilizado por sua população e jogado às covas dos leões. Ao que tudo indica, o projeto de lançar seu vice como sucessor está comprometido.

Ao mesmo tempo em que Cabral é detonado no Rio, o vexame do país parece não ter fim, espalhando-se pelas capas de jornais internacionais, com Francisco tendo que enfrentar congestionamentos. Até o local de encerramento da visita papal teve que ser transferido.

A lama que tomou conta de Guaratiba mostra mais do que terra fofa e água suja. Mostra falta de planejamento, o dinheiro público sendo jogado fora e a incapacidade política de se fazer a coisa certa.

A lama que impede o papa de rezar em um local reservado há meses e com milhões em investimento é a mesma que impede uma saúde melhor, transporte de qualidade e uma vida menos sofrida para a imensa maioria dos brasileiros. A popularidade de Dilma, em vertiginosa queda, é o menor dos males. (transcrito de O Tempo)