Por Ruth de Aquino

Na missa do sétimo dia, dia 15 de julho, poderemos enfim olhar para a frente. Sem cabeça erguida nem abaixada. Sem orar nem chorar. Olhar adiante, pensar no futuro do Brasil e mirar no centro da meta. Vamos preencher os espaços vazios, sem violência, e cuidar dos fundamentos de uma nação que engatinha na escola da civilização. Qualquer criancinha conhece esses fundamentos. São os direitos das categorias de base do cidadão, que andam mais em falta que um bom futebol.

Sem perder a alegria espontânea, vamos planejar com seriedade, suor e competência, sem oba-oba e sem jeitinho. Reunidos aqui, abraçados, podemos até cantar o Hino Nacional, mas vamos parar de nos ajoelhar, de erguer os dedinhos para o céu e de rezar para que algum deus atenda a nossos desejos e torne nossos políticos verdadeiros servidores públicos. Quantos jogam para o conjunto e não para seus bolsos ou de seus clãs herdeiros?

Sobretudo, vamos parar de olhar para o líder como se fosse pai ou mãe. Presidentes e técnicos não fazem parte de nossa família. Façamos de conta que somos órfãos. E, quem sabe, aí a gente aprenderá a influenciar o destino e a virar o placar, a evitar os vexames do cotidiano e as goleadas mundiais nos campeonatos de educação, saúde, segurança, infraestrutura, cuidados com crianças e idosos. O Brasil precisa mostrar para si mesmo que tem capacidade de reação e de renovação. Criatividade e pragmatismo não são excludentes.

A quem se queixar de que associo futebol a política ou a quem me acusar de fazer o jogo de algum partido, queria deixar claro que só torço mesmo pelo Brasil – e, carioca, também pelo Rio de Janeiro, Estado com uma das escalações mais desoladoras da federação nas próximas eleições.