O Brasil inicia em 2016 seu ano olímpico, mas os jogos do Rio de Janeiro, os primeiros que serão celebrados na América do Sul, estão cercados por uma aguda crise política e econômica que ofuscou seus preparativos. A escolha de Rio como sede olímpica, em 2009, aconteceu em um clima de euforia econômica e estabilidade política no Brasil, panorama antagônico que o país terá que lidar este ano.

O clima de festa com que os brasileiros esperavam receber os Jogos Olímpicos de 2016 foi contaminado pelo pessimismo pela delicada situação que a maior economia da América Latina atravessa.O Brasil começa o ano com uma saúde debilitada: uma economia em recessão, um gigantesco escândalo de corrupção na Petrobras e uma crise política que ameaça a permanência da presidente Dilma Rousseff no cargo.

Essa soma tirou as Olimpíadas da primeira página, o segundo grande evento esportivo que o Brasil receberá, após a Copa do Mundo em 2014, e colocou a bateria de maus dados econômicos que o país registrou em 2015. As previsões do mercado financeiro indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país se contraiu 3,7% em 2015, o pior resultado dos últimos 25 anos, e a tendência de queda continuará este ano, para quando é esperada uma contração de 2,8%.

Os analistas do setor privado não acreditam que a recuperação da economia brasileira será possível em 2016 se não for encontrada uma saída à crise política.A presidente precisará obter apoios para evitar que sua indomável base aliada permita a abertura do julgamento político de impeachment.

O trâmite do julgamento político foi autorizado no início de dezembro pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mas o STF considerou que houve erros de procedimento e ordenou que todo o processo seja reiniciado, o que foi adiado para fevereiro, quando termina o recesso parlamentar que começou no último dia 22. Cunha, que também tem seus próprios problemas, enfrenta uma acusação na Comissão de Ética da Câmara, é membro do PMDB, o mesmo do vice-presidente, Michel Temer, mas como outros dirigentes do partido passou a engrossar de maneira pessoal as fileiras da oposição, o que tem complicado a vida política de Dilma.

Os problemas políticos também impediram em 2015 a aprovação de grande parte das medidas do pacote de ajuste fiscal que o governo lançou para solucionar os problemas econômicos do país, uma questão fundamental que deve ser resolvida este ano para permitir a retomada do crescimento.Com uma inflação próxima dos dois dígitos, um aumento no índice de desemprego e a restrição ao crédito, a incerteza política e econômica levou o real brasileiro a perder mais de 48% de seu valor ano passado. O dólar chegou a bater seu recorde histórico desde 1994 em 2015, ao cruzar pela primeira vez a barreira dos R$ 4.

Apesar dos efeitos negativos que a desvalorização do real têm sobre os preços no mercado interno, a valorização da moeda americana poderia favorecer a chegada de mais turistas aos Jogos Olímpicos de Rio, oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo o melhor de si mesmo. (EFE)