Deu em O Globo

A seca generalizada registrada no ano passado na Floresta Amazônica fez com que a mata produzisse mais CO2 do que absorvesse. Ou seja, a Amazônia deixou de ser, ainda que temporariamente, um sorvedouro do principal gás do efeito estufa e se tornou produtora – o que, potencialmente, pode levar a uma perigosa aceleração do aquecimento global.

Em estudo publicado na “Science“, cientistas brasileiros, do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam), e ingleses da Universidade de Leeds calcularam que a seca do ano passado na região foi pior que a de 2005, na ocasião apontada como “a pior dos 100 últimos anos”.

Pela segunda vez num intervalo de apenas cinco anos, a maior mata tropical do mundo viveu um fenômeno extremo, com a floresta emitindo CO2 em função das árvores mortas. Nos dois episódios de seca, a Amazônia lançou cerca de 8 bilhões de toneladas de CO2 – mais do que os EUA emitem em um ano.

Os cientistas acreditam que os dois eventos teriam sido causados pelo aumento das temperaturas das águas do Atlântico Norte, o que estaria ligado ao aquecimento global. O grupo frisou que ainda não há uma prova definitiva de que as duas secas extremas na Amazônia seriam resultado direto do aquecimento do planeta causado pela elevação dos níveis de CO2 na atmosfera, mas alertaram que não fazer nada hoje para reduzir o lançamento de gases-estufa é uma aposta muito perigosa.