Pouco mais da metade dos desempregados do país era de famílias de baixa renda em 2010. Uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgada nesta quinta-feira (10) mostra que a melhora da economia e da renda do trabalhador brasileiro não foi capaz de diminuir a desigualdade nos últimos cinco anos, e, pelo contrário, aumentou o abismo entre ricos e pobres. De acordo com o estudo, de 1,2 milhão de desempregados em 2010, quase 55%, ou seja, cerca de 660 mil, eram pobres.

O estudo mostrou ainda que, no grupo de trabalhadores de menor renda, o desemprego aumentou desde 2005. Entre a fatia dos 10% com os menores salários do país, o desemprego atingia um em cada três (33,3%) em 2010. Cinco anos antes, essa porcentagem era de 23,1%. Já entre os 10% com os maiores ganhos, o desemprego passou de 2,1% para 0,9% no mesmo período.

Em 2005, a taxa de desemprego dos mais pobres em relação à dos ricos era 11 vezes maior. Cinco anos depois, essa diferença passou para 37 vezes.

O Ipea mostra, porém, que houve boas notícias de lá para cá: entre dezembro de 2005 e dezembro de 2010, o número de desempregados caiu 31,4% (de 1,8 milhão para 1,2 milhão) e o de ocupados cresceu 12,7%; o rendimento médio real dos ocupados aumentou 17,8% (descontando a inflação); o valor real do salário mínimo nacional cresceu 33,2%; o PIB per capita (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país, divididas entre seus habitantes) aumentou 12,4%.