Se é verdade que o estilo faz o homem, que se reconheça que o estilo do ex-senador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel é inconfundível. Político com passagens pelas diversas esferas do poder, Maciel criou uma marca de silêncio e de parcimônia no emprego das palavras. Essa característica de falar pouco apareceu novamente agora, no momento que seu nome surge com força em decorrência da saída de André de Paula do DEM para o PSD.

Passada quase uma semana da troca de partido de seu afilhado político, Marco Maciel não se manifestou sobre a mudança, nem sobre o encolhimento do DEM. A única declaração dele, feita por meio da assessoria, é de que não pretende comentar. A dificuldade de estabelecer um contato com Maciel ocorre até entre seus colegas de partido. O deputado federal e presidente estadual do DEM, Mendonça Filho, afirmou que não conversou com o líder democrata sobre a decisão de André Paula.

Na semana passada, o deputado federal Augusto Coutinho declarou que o comunicado da saída de André de Paula foi recebida com surpresa pelo ex-senador. No entanto, o parlamentar fez questão de sublinhar que essa informação foi obtida junto a terceiros e não diretamente com Maciel, numa prova de que o acesso aos pensamentos de Maciel não tem sido fácil nem para quem atua no mesmo campo ideológico.

Diante de tal recolhimento, uma coisa é certa: o crescimento das especulações. Embora vista como improvável por oposicionistas e governistas, é comentada a tese de que o aval à ida de André de Paula para o PSD seria um passo de Maciel na direção da saída do DEM. A legenda já perdeu 11 deputados federais para o novo partido, além do prefeito Gilberto Kassab (SP) e da senadora Kátia Abreu (TO), bastante próxima ao ex-senador.

A teoria de que ele pode abandonar o barco do DEM, se tiver um mínimo de sentido, seria mais uma pá de cal nos planos dos democratas de se reerguerem.