Com a eleição da primeira mulher para o cargo máximo do Executivo brasileiro, a presidente Dilma Roussef (PT), a participação feminina na política ganhou uma visibilidade que começa a refletir em mudanças.

Em iniciativa pioneira, o PT aprovou, em sua última convenção, uma cota de 50% de mulheres em cargos da direção do partido, a vigorar a partir da próxima eleição interna.

Um grande passo, de acordo com a cientista política e coautora do livro “A questão da mulher na visão parlamentar no nordeste do Brasil”, Sonia Wright, mas que corre o risco de funcionar apenas como uma maquiagem.O destaque de algumas mulheres no meio político pode gerar uma falsa sensação de que a participação delas teve um grande crescimento nos últimos anos. Porém, o número de mulheres ainda é muito menor que o de homens, e as perspectivas de reverter esse quadro não são muito animadoras. Segundo uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo demorará cerca de 100 anos para atingir a igualdade de sexo nas democracias.

Tomando como base as eleições municipais de 2008, percebemos que o percentual de candidaturas femininas registrado nas estatíticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não alcançou sequer o número estabelecido na legislação eleitoral, que prevê um mínimo de 30 e máximo de 70% de candidatos de cada sexo nos partidos. Naquele ano, a média nacional de candidatas do sexo feminino para as câmaras municipais foi de 22%, enquanto para as prefeituras foi de 10,4%. Pernambuco, embora tenha um percentual de 52,8% do eleitorado do sexo feminino, elegeu apenas 9,2% de mulheres para o cargos de prefeita e 11,9% para cargos de vereadora.

A expectativa é de um crescimento nesses percentuais para as eleições de 2012, como um reflexo da visibilidade conquistada, em especial pela eleição de Dilma Roussef. Entretanto, segundo Sônia Wright, a perspectiva deve ser vista com cautela.

Fonte: Folha de Pernambuco