Por Machado Freire

 

E neste dia (desi) igual para todas as mães da seca, não podemos deixar de demonstrar a nossa preocupação com todas as mulheres -sem marido, com ou sem filhos e viúvas que nasceram, se criaram e procriaram sob o signo da esperança e da boa aventurança.

Porque o sertanejo espera que nem lajeiro.Todos os dias, como hoje, elas passam pelas desiguais provações, seja com a lata d’água (hoje seca) na cabeça, o menino no colo na vereada empoeirada em busca de uma cacimba e/ou açude esturricados.

Na cozinha, o velho fogão que outrora estava recheado de panelas cheias de munguzá, ribacão e buchada, hoje esperimenta um pouquinho de feijão colhido no final da safra minguada do ano passado, porque este ano o sol comeu tudo logo no início das primeiras tentativas do plantio.

E na sua cabeça de sertaneja forte e esperançosa, o filme das “viúvas da seca” vem o sono de pesadelo que aponta para dias mais difíceis, marcados pela espera do carro-pipa, chorado que chegou atrasado mesmo tendo comprometido todos os votos da família a um cabo eleitoral (safado) que sustenta aquele político ruim e demagogo.

O manhã virou ontem e o futuro é de uma incerteza gigantesca, porque o dinheiro que jorrou nos cofres públicos – mais do que petróleo na bacia de Campos e do que chuva no Pará – só deu para “pagar” festas “malassombradas” no São João que ainda vai chegar, sem milho para assar na fogueira, que continuará ardendo na cabeça das mulheres da seca braba.

Porque hoje já não se fala nas quadrilhas e não se cantam mais as modinhas do mestre Seu Luiz Gonzaga, que tanto cantou e se lastimou pelo alazão que morreu de sede e a asa branca que desabou por falta de água.

E não digam que estou imitando a ave agoureira ACAUÃ, que Gonzagão também cantou. “Vai-te embora, peste !” E volta a chuva pro sertão!