“Não nos move o revanchismo”, afirma Dilma sobre a Comissão da Verdade

A presidente Dilma Rousseff instalou, nesta quarta-feira (16), no Palácio do Planalto a Comissão da Verdade. Na cerimônia foram empossados os sete membros que vão apurar violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Em discurso emocionado, Dilma afirmou que o ódio não move a Comissão e garantiu independência dos trabalhos.

Segundo a presidente, a comissão não será instrumento para revanche contra agentes do Estado que praticaram crimes. “Não nos move o revanchismo, o ódio ou desejo de escrever uma história diferente do que acontece, mas escrever uma história sem ocultação”, afirmou.

A líder do PSB, deputada federal Sandra Rosado (RN), prestigiou a cerimônia e endossou o discurso da presidente. Para a parlamentar, o maior objetivo da Comissão será esclarecer um capítulo ainda obscuro da história do Brasil. “Estamos vivendo um momento muito sensível, as dores daqueles que perderam familiares e amigos ainda estão vivas, latentes. Precisamos sarar essas feridas com verdade, mas sem sentimento de revanche”, ponderou.

Na Câmara, há dois meses funciona a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A coordenadora da Comissão da Memória, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), disse que a pressão política pode fazer com que a investigação da Comissão Nacional da Verdade vá além do estabelecido na Lei 12.528/11, que instituiu a Comissão.

“Não queremos apenas reconciliação nacional, queremos justiça, reparação e a revisão da Lei da Anistia”, disse Erundina. Segundo a parlamentar, não é possível aceitar a manutenção dos benefícios da anistia aos torturadores.

 Membros – Foram empossados hoje José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça), Gilson Dipp (ministro do Superior Tribunal de Justiça), Rosa Maria Cardoso da Cunha (advogada), Cláudio Fonteles (ex-procurador-geral da República), Paulo Sérgio Pinheiro (diplomata), Maria Rita Kehl (psicanalista) e José Cavalcante Filho (jurista).

O grupo terá dois anos para ouvir depoimentos em todo o país, requisitar e analisar documentos que ajudem a esclarecer as violações de direitos. De acordo com o texto sancionado, a Comissão tem o objetivo de esclarecer fatos e não terá caráter punitivo.