Do site de Cristiana Lôbo

Sem citar, em qualquer momento, a aliança PT-PP em São Paulo, a senadora Marta Suplicy condena alianças que chama de “estapafúrdias” e adverte que podem ser rejeitadas pelo eleitor. A mensagem da senadora está em seu artigo semanal publicado pela Folha de S. Paulo neste sábado. Ela recorre a uma avaliação sobre o esgotamento do modelo da “realpolitik” para condenar alianças entre diferentes – tal como aconteceu com a aliança do PT em São Paulo, selada em encontro do ex-presidente Lula com o deputado Paulo Maluf.

Segundo Marta, este modelo nascido na Alemanha que está entranhado no sistema político brasileiro é “uma erva daninha que corrói valores, exclui a participação, nega a democracia, desestimula o mérito e ignora a ética”. Mais adiante, ela observa que são criticados aqueles que não aceitam essa modalidade de fazer política considerada “normal” (a aliança entre partidos e pessoas muito distintas) – aí, adverte:

– Mas quando, pela sua simbologia, ferem os limites do bom-senso e têm a marca do estapafúrdio, tornam-se incompreensíveis para a população e são por ela rechaçadas ” – disse.

A senadora por São Paulo recorda que na luta pela redemocratização, o Brasil conseguiu “eletrizar forças e corações” que não suportavam viver sob ditadura e cada um reagiu à sua maneira; e esse resgate da democracia, tão importante, “não poderia ter sido contaminado por práticas seculares que nos acorrentam à uma malfadada forma de fazer polític” que também aliena o povo.

Marta diz que “nem tudo está perdido” pois “tem gente formulando, e outros remoendo, novas práticas e métodos, buscando diferentes formas e canais de interação social e política” e que não se sabe quando, mas está claro um processo de “libertação da chamada realpolitik”.