As eleições do dia 7 de outubro registraram 16% de abstenções em todo o Brasil. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, ao todo 22.736.804 de eleitores deixaram de ir às urnas para escolher o futuro prefeito de suas cidades. Dos que compareceram, cerca de 11% votaram nulo ou em branco. O índice levou à publicação, na última semana, de uma enxurrada de análises sobre um suposto desinteresse dos brasileiros em relação à política, o que denotaria uma insatisfação com o próprio sistema de voto obrigatório.

Entretanto, de acordo com o cientista político Celso Roma, é preciso ter cuidado para chegar a esse tipo de conclusão com base nos números sobre a participação no processo eleitoral.

Primeiro porque o Brasil ainda é um dos países com uma das maiores taxa de comparecimento às urnas do mundo. Como comparação, nas eleições locais do Reino Unido, em maio deste ano, a abstenção eleitoral chegou a 68%. Nas eleições do México, també neste ano, o índice de comparecimento foi de 52,5%. Nos Estados Unidos, onde registro do eleitor é facultativo (e, por razões políticas, repleto de obstáculos em alguns estados da federação, o índice em 2010 (eleições legislativas) foi de 41,6%. “Nos EUA, há um grupo de cidadãos não consegue cumprir as formalidades para se registrar como eleitor.”(Carta Capital)