A arte de Luiz Gonzaga soube retratar os tipos existentes no Nordeste como um todo, do sertão ao litoral, de maneira fidedigna. O padre sertanejo, os costumes, os coronéis, os agricultores, as riquezas e peculiaridades dos estados nordestinos e, por vezes, foi a voz mais forte da região com o seu canto e clamor aos mais necessitados. Não é de se estranhar, por exemplo, que quando ouvimos uma canção como “Estrada de Canindé” não nos peguemos a imaginar aquela estrada de terra batida, as pessoas a seguir por seu percurso seja em animais diversos ou a pé observando toda a bucólica paisagem que compõe tal letra.

 

É por essas e por outras qualquer tentativa de mensurar a importância do legado da obra de Luiz Gonzaga para a música brasileira particularmente a nordestina será sempre em vão. A onipresença do Rei do baião nos mais diversos contextos musicais brasileiro é a maior prova disto. Recentemente o cantor e compositor Gilberto Gil disse em entrevista, que sem a existência de Gonzagão a sua obra não existiria; do mesmo modo, Geraldo Azevedo reiterou essa afirmação na última segunda-feira ao participar de um programa de rádio carioca. Eu vou mais além defendendo a teoria que sem a presença de Gonzaga na música brasileira não haveria essa unidade existente hoje na cultura da região.

 

Toda uma geração de nordestinos, principalmente a que alcançou o auge do baião na década de 50, sofreu a influência da sonoridade do Rei do baião. Há exemplos artísticos nos nove estados que compõem a região. Luiz soube fundir de modo preciso a sua região em versos e acordes, tornando-se a mítica figura que hoje, na data do seu centenário, todos reverenciam. Que o legado desse filho tão ilustre de nossa região. Resta-nos reverenciar Gonzaga e a sua obra não só em seu centenário, mas pelos anos que estão por vir e por muitos centenários que ainda virão, atestando cada vez mais que Gonzaga como Rei da música nordestina é absoluto. Evoé a toda uma geração que hoje defende o legado do nosso velho Lula de modo tão genuíno.