A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) afirmou na manhã desta terça-feira, em entrevista ao “Jornal da Cidade” (94 FM), que ao adotar uma postura “republicana” em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e ao elogiar a presidenta, está pensando mais no seu governo do que no seu partido, o Democratas, presidido, no Rio Grande do Norte e nacionalmente pelo senador José Agripino Maia.

Rosalba disse ainda que o DEM vive “um momento difícil” e que “encolheu bastante” nos últimos anos. No entanto, defendeu a crítica construtiva do partido como necessária ao País e também o direito dela se manifestar favoravelmente ao governo da presidente Dilma Rousseff. “Estou pensando mais no governo. Eu fui eleita pelo povo do Rio Grande do Norte, não pelo povo do Democratas. O Democratas é o meu partido, foi por esse partido que eu fui prefeita, senadora e governadora, mas eu fui eleita numa conjunção de forças e foi o povo do RN, independente de partido, que me fez governadora”, afirmou a governadora, ao justificar sua postura em favor da presidente Dilma.

Foi a primeira vez que Rosalba abordou, de forma franca e transparente, sua posição pró-governo da presidente Dilma Rousseff. Um dia após receber a presidente no Estado – Dilma anunciou R$ 1,7 bilhão em obras – Rosalba revelou os motivos que a fizeram, por exemplo, deixar de participar do programa do DEM com críticas ao governo federal. Segundo a governadora, isso se deve ao fato de que discorda do ponto de vista do DEM.

 

Instada a falar sobre o momento do Democratas, que, com a criação do PSD, perdeu representatividade no País, a governadora classificou como difícil. “(O DEM vive) Um momento difícil, não é um momento fácil, porque fazer oposição não é fácil. Na realidade, é importante. Na democracia temos que ter aqueles partidos que fazem oposição e eu sempre defendi a oposição do DEM, da crítica construtiva, daquela que vem para ajudar, não aquela que quer quanto pior melhor, que só quer denegrir, atrapalhar. O DEM faz uma crítica construtiva, responsável”, afirmou.

Sobre a postura adotada pelo líder do DEM, José Agripino, Rosalba disse que é bom para o país que haja quem “mostra as dificuldades”. No entanto, ela reconheceu o enfraquecimento do partido. “Ele (José Agripino) tem mostrado sugestões, aquilo que é bom para o Brasil ele está a favor. Mas há situações em que ele mostra também as dificuldades que muitas vezes a gente nem está vislumbrando, mas ele, com o seu conhecimento, com as suas informações, vislumbra dificuldades econômicas para o Brasil e isso alguém tem que colocar, alguém tem que dizer”, disse a democrata. “Agora, que realmente o partido encolheu bastante, encolheu. Hoje é um partido de oposição, mas um partido pequeno”.

Apesar de defender o DEM, Rosalba Ciarlini também reforçou o direito de ela, como governadora, expor seu próprio pensamento, em nome do governo, quando elogia a presidente Dilma. “Realmente eu digo, com toda a honestidade: eu tenho, como governadora, não somente o dever, mas também o direito, de poder colocar as minhas opiniões e com relação ao governo da presidenta Dilma ela tem sido realmente uma grande parceira, tem ajudado o nosso Estado e eu não posso chegar e dizer diferente. Essa é a realidade, essa é a verdade e eu vou bater nas portas do governo federal quantas e quantas vezes forem necessárias. É um direito do RN e um dever da governadora”, lembrou.

Instada a falar se os elogios a Dilma podem ser interpretados como o reconhecimento de que o governo do PT está dando certo, Rosalba fez questão de traçar uma linha divisória entre a presidente e o seu partido. “O PT tem coisas que realmente nós temos uma mesma sintonia. Nós temos que entender que também é um partido que, como todo ser humano, tem falhas; tem qualidades, mas tem seus defeitos. Agora a presidenta Dilma – eu estou falando da presidenta Dilma e não do partido – ela é presidenta do Brasil, não só do PT, como eu sou governadora do Rio Grande do Norte, não só do DEM”.

 

Governadora espera apoio de Dilma para sua reeleição

Indagada se espera o apoio de Dilma para sua candidatura à reeleição, Rosalba afirmou que sim, e “até mais” que isso. “Eu espero, e lhe digo que já estamos tendo, espero até mais. O apoio dela para todas as ações necessárias para fazer o Rio Grande do Norte acontecer”, afirmou. A governadora, como tem sido de hábito, falou ainda que, além de um “relacionamento republicano”, tem uma forte “sintonia” com a presidente do PT. “Eu não tenho nenhuma dificuldade em repetir: Eu e a presidente Dilma temos tido um relacionamento republicano, essa sintonia de trabalho, de realização”, disse a governadora.

Embora pertençam a partidos antagônicos e uma resolução do PT proíba aliança com o DEM, haveria alguma alternativa em Rosalba no sentido de ela contar com Dilma para um eventual projeto de reeleição. Nem que isso fosse viabilizado com a migração de Rosalba para um partido da base governista, ou sob a pressão de um aliado de peso da presidente, como o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, que já deixou claro que a fatura de apoio a Dilma no Congresso será que a presidente esteja no mesmo palanque que ele em 2014 no RN. Hoje, o palanque do PMDB no RN é o da governadora Rosalba Ciarlini, que é do DEM.

Fonte: Jornal de Hoje