Por Carlos Chagas

Terá o PMDB coragem de romper com a presidente Dilma? De jeito nenhum. Mesmo se não receber mais nenhum ministério, o partido continuará fazendo cara feia, até ameaçando votar algum projeto capaz de aumentar despesas para o governo, mas daí não passará. Michel Temer permanece como interlocutor, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros como porta-vozes das bancadas na Câmara e no Senado. Os governadores peemedebistas, até  Sérgio Cabral, estão longe de saltar de banda, mesmo com candidatos do PT no calcanhar deles, nas sucessões estaduais.   A estratégia é engolir sapos, claro que apoiando a reeleição da presidente, mas trabalhando para aumentar o número de seus deputados e manter o de senadores.

Na hipótese do segundo mandato para Dilma, começaria um novo relacionamento entre o PMDB e o palácio do Planalto. Seria a hora, senão  do acerto de contas, de outra investida, então sobre o novo ministério que a presidente então reeleita pretenda formar.  Haverá, por certo, uma cortina-de-fumaça, na forma de  ambicioso plano de governo que o partido ofereceria a ela. Sugestões de reformas nos  setores  econômico, social  e político poderiam servir como pretexto  para novas exigências fisiológicas, mas nenhuma novidade ou proposta fundamental constaria do documento.

Como dizia o falecido ministro Armando Falcão, “o futuro a Deus pertence”. Sabem os cardeais peemedebistas que, se não sobrevierem inusitados, 2018 será outra vez o “ano do Lula”. Não vai dar para lançar um candidato presidencial pelo PMDB naquele ano  se o  primeiro-companheiro confirmar na prática a teoria já exposta por ele mais de uma vez, de retornar.

Até porque, no horizonte um pouco mais esticado das previsões, não há candidato visível. Sendo assim, sobra para o PMDB seguir as lições do esquartejador: ir por partes.

JAMAIS UM SEGREDO

Informa-se que o Ministério Público está reabrindo o processo do Riocentro. Dificilmente se descobrirão  novidades, pelo simples fato de que o país inteiro sempre soube,  24 horas depois do 30 de abril de 1981, ser uma farsa a tentativa de encobrir o atentado. Não há quem duvide da participação do Centro de Informações do Exército, à época um instrumento do terrorismo do Estado. Levantados de imediato os lances e os personagens, pareceu evidente a responsabilidade dos chefes. Pela decisão do presidente João Figueiredo de não levar adiante o inquérito, demitiu-se o general Golbery do Couto e Silva. Anos mais tarde, no Superior Tribunal Militar, o almirante Julio de Sá  Bierremback tentou reabrir o processo,  sendo derrotado.  Trinta e dois anos depois da explosão que graças a Deus não deu certo, sobra apenas a ridícula afirmação de terem sido os comunistas seus responsáveis…