Por *Alex Medeiros

 

Durante o último verão, Robinson Faria começou a traçar os rumos de uma candidatura que poucos meses antes ainda era só um desejo antigo. Olhava para adiante imaginando possíveis adversários e, contrariando todos os amigos, dizia ter chances contra qualquer um deles. Naqueles dias, apenas Julianne Faria, sua esposa, acreditava piamente na possibilidade de êxito.

A roda do tempo girou, ele avançou sinais vermelhos, arriscou pular etapas e foi com a sua teimosia consolidar o nome contra tudo e contra todos. E jamais pensou em desistir, mesmo quando do outro lado se ergueu uma candidatura robusta e poderosa com o presidente da Câmara Federal na cabeça e um mito popular formando a chapa como senadora.

Enfrentar Henrique Alves e Wilma de Faria, apoiados por Garibaldi Filho e José Agripino, não era uma tarefa fácil. Parecia suicídio político. O PMDB foi fechando o cerco e atraindo para sua órbita, como um sol gigantesco, os principais partidos do espaço eleitoral potiguar. Para piorar as coisas, as lideranças da grande aliança construída por Henrique avançaram sobre suas bases, lançando encantos de poder para antigos seguidores.

Durante a Copa do Mundo, quando assistiu alguns jogos na minha casa, já tinha então o envolvimento total da sua família, todos sonhando juntos com ele. Os seus eternos companheiros da região Agreste também já haviam vestido a camisa e novos aliados foram surgindo em todos os lugares do estado. Sua abnegação contaminou muitos.

Quando o nome de Henrique Alves se oficializou e Robinson percebeu que não teria Wilma de Faria ao seu lado, mais uma vez ele foi na contramão dos amigos. E dizia que enfrentar o presidente da Câmara era tudo que queria. Diante de um quadro que se pintava amplamente favorável ao candidato do PMDB, Robinson sentia que poderia engrossar a disputa. E engrossou.

O retrato da sua ousadia e abnegação se transportou nas ruas nas figuras de Juliane e dos seis filhos, os primeiros a acreditarem no sonho, que aliado ao PT de Fátima Bezerra foi para o campo de uma batalha que muitos anteviam perdida. Robinson pode até perder, faz parte do jogo político, mas já ganhou uma round da luta indo ao segundo turno com apenas 5% de desvantagem para o candidato de uma coligação monstruosa e poderosa.

Só aos esotéricos cabe tentar adivinhar o futuro, mas alguns analistas da política potiguar diziam ao longo das últimas semanas, ignorando as pesquisas encomendadas a soldo, que ou Henrique Alves ganhava a parada no domingo, ou então estaria diante, outra vez, do fantasma de Aldo Tinoco em 1992. Ao passar para o segundo turno, Robinson Faria tem ao seu lado agora um sonho com cores de vida real.

Sonho que ele agora está compartilhando com milhares de conterrâneos. Vai ser difícil? Vai, claro. Mas, a motivação dele é essa, como repetiu algumas vezes na campanha. E quem foi que disse que conquistas assim são fáceis? Principalmente quando o adversário é uma liderança de expressão nacional como Henrique Alves.

Robinson está de vez no jogo, e pode ganhar.

 

*Jornalista