Da Folha de S.Paulo – Márcio Falcão e Gabriela Guerreiro

A presidente Dilma Rousseff e seus assessores preparam uma ofensiva para tentar controlar ameaças de rebelião em sua base aliada no Congresso, onde as resistências ao Palácio do Planalto atingiram o nível mais preocupante desde que Dilma assumiu o governo, em 2011.

A ideia da equipe da presidente é usar as votações previstas na Câmara e no Senado nesta semana para calcular o real tamanho da base governista e mostrar a disposição do Planalto de atender demandas e ampliar o diálogo.

A principal preocupação do governo é que ganhem fôlego projetos com forte apelo social, mas que tragam um grande impacto financeiro.

Há ameaça de derrubada de vetos de Dilma que afetam diretamente o caixa do governo, como o que rejeitou a redução para 6% das alíquotas da contribuição previdenciária tanto para patrões como para empregados domésticos. A medida reduz a arrecadação do governo em cerca de R$ 600 milhões por ano.

O Congresso volta ao trabalho na segunda-feira com os bastidores fervilhando uma palavra que publicamente poucos pronunciam: impeachment. Essa pulguinha atrás da orelha de muitos congressistas importantes voltou a incomodar diante das chamadas do programa do PMDB Em favor do Brasil que vai ao ar na quinta-feira, com destaque para Michel Temer. Michel, entretanto, tem afastado de forma veemente qualquer conspiração nesse sentido. Tanto é que, na reunião ministerial fez uma defesa irretocável do mandato presidencial. O problema é que o que Michel diz e repete, repelindo qualquer movimento em sentido contrário, não é o que está nos bastidores dos partidos. Nem que seja para incomodar o governo e ganhar algum espaço, alguns aliados vão levar essa assombração ao Planalto.