Por Lucas Noia*

Estamos vivendo dias em que um forte sentimento de desacreditação toma conta dos brasileiros. Crise econômica, política, crise de valores. ‘Crise’ é a palavra de ordem; e por derivação dela, quem um dia acreditou na “pátria amada, Brasil”, recua desse verso do hino, e se distancia mais da esperança que, em certa feita, o representou.

A rejeição da presidente Dilma é histórica: 71% de rejeição em contrapartida aos 52% de votantes, que legitimaram nas urnas o desejo da reeleição na disputa mais apertada da história. Dilma supera o ex-presidente Collor no que diz respeito a rejeição. Um índice alarmante, que certamente merece atenção de marqueteiros petistas e da própria equipe presidencial.

No poder vizinho, o Legislativo, o céu também não é de brigadeiro. Eduardo Cunha, que a priori, era o candidato do Planalto à presidência da Câmara dos Deputados, já virou as costas para quem um dia foi considerado aliado. Sob indícios de manter contas secretas na Suíça, Cunha é acusado; e vários de seus pares pedem sua renúncia. A cartada? “Podem pressionar, não renuncio”. Como vingança, pretende despachar os pedidos de impeachment contra a presidente da república, para “despistar” o momento desastroso em que se encontra.

Os tribunais também se posicionam. O TCU apontou R$ 40,2 bilhões de crimes fiscais, e por unanimidade, reprovou as contas presidenciais. Seguiu para apreciação de uma Comissão Mista do Legislativo, mas já com a recomendação de uma igual rejeição. Todo esse cenário é prato cheio para os autores dos 10 – ou mais – pedidos da cassação do mandato da presidente, pois agora, existe um embasamento legal para fomentar estas rogações.

Então, o que esperar? A pergunta que os brasileiros se fazem é essa. Quem acreditou em mais quatro anos de PT anda emudecido, crente que a lenda da fênix vai vingar no governo atual, assemelhando a ressureição. Quem não votou – assim como eu, espera ver as próximas passadas deste governo mal-aventurado.

Porém, sinceramente, gostaria de ouvir da situação um relatório do que anda acontecendo. Sem máscaras, sem estereótipos. Ouvir o “nu e cru” de como as coisas andam. Acho que é isso que grande parte das pessoas esperam. Claro que não haverá redenção por isso, mas certamente auxiliará em algo. Em algo que levante a baixa autoestima nacional.

Elbert Hubbard, filósofo norte-americano, assinou, em certa feita, a seguinte frase: “Um fracassado é um homem que cometeu um erro e não é capaz de o transformar em experiência”. Houve erros no primeiro governo Dilma, houve. Mas não tiraram destes erros lições para que não se fizesse novamente. Não aprenderam que existem termômetros que medem instantaneamente o que a população acha do que está sendo feito. Do jeito que estamos, chegar até 2018 não será simples. Sentar na arquibancada do “quanto pior, melhor” não ajuda. Sigamos então em frente, driblando os percalços – que não são poucos, e tentando nos refazer a cada dia, não se acomodando ao que está para nós, mas lutando para mudar o que está sendo imposto.

*Acadêmico em Ciências Sociais (UFRPE)