Por Cristiana Lôbo

 

A partir do momento em que o Conselho de Ética acolheu o pedido feito por PSOL e Rede para que seja aberto processo de cassação, a vida do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficou mais difícil.Ele terá duas oportunidades para escapar da cassação do mandato: neste primeiro instante, no Conselho de Ética, tentando barrar um previsível relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) pela admissibilidade do processo de cassação do mandato. Depois, no plenário, em votação aberta, o que seria muito mais difícil.

Cunha vai investir no Conselho de Ética, onde acredita ter pelo menos oito votos – precisaria mais três para rejeitar a abertura do processo de cassação.Mas, a esta altura, com a pressão da opinião pública, mais difícil para ele conseguir esses aliados que faltam.Segundo um deputado próximo ao presidente da Câmara, a situação dele não muda entre os que já o apoiam, mas esse parlamentar reconhece que, até aqui, ele não conseguiu ganhar novos aliados entre os integrantes do Conselho de Ética.

Uma expectativa seria a de que um partido substituisse seus integrantes, como o PSDB por exemplo, por deputados que concordassem em votar a favor de Cunha.Isso aconteceu com o Solidariedade, que terá agora Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, no lugar de Wladimir Costa, que alegou problemas de saúde e deixou o Conselho de Ética.

No entanto, dirigentes do PSDB descartam firmemente essa possibilidade. Vale lembrar que os integrantes do Conselho de Ética têm mandato e, por isso, não podem ser substituídos por seus líderes. Eles teriam de renunciar a esse mandato.Para deputados ligados a Cunha, depois de aberto o processo de cassação fica muito mais difícil barrar sua tramitação.“Já que foi aberto, agora ele terá de passar por tudo isso”, disse um aliado, revelando que Cunha pretende lutar enquanto puder para salvar seu mandato e o cargo de presidente da Câmara.

Ele vai tentar evitar o julgamento político, feito no Congresso, e esperar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, o que, segundo avaliação de seus aliados, é um processo mais demorado e que permitiria a ele, numa hipótese positiva, até concluir o mandato de presidente da Câmara.