Temendo Cunha, PT sobe no muro

O PT não sabe o que quer, nem mesmo em relação à cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O líder na Câmara, Sibá Machado (AC), disse, ontem, que os integrantes petistas no Conselho de Ética não terão que seguir orientação do partido no processo por quebra de decoro parlamentar que investiga Cunha. De acordo com Sibá, não haverá “enquadramento” da legenda aos deputados que fazem parte do colegiado.

“Os membros do Conselho de Ética têm mandato e não podem trabalhar sob pressão nem da bancada nem de ninguém. Eles têm que ir lá e cumprir a sua tarefa”, disse o parlamentar, após reunião de coordenação da bancada do PT na Câmara. Em reunião do Diretório do PT, no dia 29 de outubro, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, havia dito que os três membros indicados pela legenda para cadeiras no Conselho de Ética votariam no processo de Cunha conforme orientação da Executiva Nacional.

“Lá [no Conselho de Ética] a bancada do PT votará unitariamente, sob orientação da Executiva Nacional”, disse Rui Falcão. Oficialmente, o PT não divulgou o posicionamento que defende. Segundo o blog apurou, orientação da sigla na Câmara é de não se posicionar de forma contundente até a votação do parecer do relator do processo no Conselho de Ética. “Temos que ficar apáticos”, disse uma liderança petista.O partido teme que ataques a Cunha prejudiquem a votação de projetos considerados essenciais para o ajuste fiscal do Governo, como a proposta de repatriação de recursos enviados ao exterior e o Orçamento de 2016. Outro temor é de que o presidente da Câmara decida autorizar a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em retaliação a uma eventual defesa pelo PT do afastamento do peemedebista.

Enquanto isso, defensores da saída de Cunha temem que o presidente da Câmara e o partido da presidente Dilma entrem em acordo pela preservação do mandato dos dois. Questionado sobre a posição de Falcão divulgada em outubro, Sibá Machado reforçou que os deputados petistas terão autonomia para votar a favor ou contra punições a Eduardo Cunha. “Não há enquadramento. Temos que saber que há uma forte pressão. Quem está lá sabe que vai trabalhar sob pressão. Mas não haverá enquadramento”, disse.O Conselho de Ética da Câmara é formado por 38 parlamentares, entre os quais 21 titulares e 17 suplentes. Pela composição atual, o PT conta com três deputados titulares no conselho – Léo de Brito (AC), Valmir Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA) – e dois suplentes – Assis Carvalho (PI) e Odorico Monteiro (CE). Os suplentes só têm direito a voto se os titulares estiverem ausentes. (Blog do Magno Martins)