Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. O deputado vai exercer o mandato até fevereiro de 2017, em um mandato “tampão”, sucedendo Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao cargo. Maia obteve 288 votos e o segundo colocado, Rogério Rosso (PSD-DF), 170.

Depois de 1h14 minutos, a Câmara dos Deputados retomou a sessão que a elegeu o novo presidente da Casa. Rodrigo Maia discursou por dez minutos pseguido por Rosso. No primeiro turno, Maia obteve 120 votos e Rosso, 106. A votação teve início por volta das 23h45. Para ser eleito, o candidato precisava obter a maioria simples dos 495 parlamentares presentes na sessão da noite desta quarta-feira.

Ressurreição do DEM e do clã familiar Maia: 

A eleição de Rodrigo Maia à presidência da Câmara representa uma dupla ressurreição: de seu partido, o DEM, e de seu clã familiar, que enfrentava uma fase de declínio na política carioca. O antigo PFL parecia condenado à extinção. Fundada a partir de uma costela da ditadura, a legenda engordou nos governos Collor e FHC, mas sucumbiu ao ser despachada para a oposição na era petista. A mudança de nome não interrompeu a trajetória de queda. A bancada da sigla despencou de 105 deputados eleitos em 1998 para apenas 21 em 2014. Pela primeira vez, o DEM não elegeu nenhum governador. A sigla respirava por aparelhos, mas voltou a dar sinais de vida no ano passado, em aliança com Eduardo Cunha. Finalmente, encontrou a redenção com o impeachment de Dilma Rousseff. O interino Michel Temer recompensou o DEM com o cobiçado Ministério da Educação. A eleição de Maia também representa uma reviravolta inesperada para sua família. Seu pai, Cesar Maia, foi prefeito do Rio por três vezes e chegou a sonhar com a Presidência da República em 2006. Transformado em alvo do PT, viu seu prestígio minguar depois de uma intervenção do governo Lula nos hospitais municipais. Foi abandonado por aliados, perdeu duas eleições para o Senado e se conformou com uma cadeira de vereador. Rodrigo manteve o mandato de deputado, mas não conseguiu alçar voos maiores. Em 2012, tentou a prefeitura e sofreu uma derrota acachapante, com menos de 3% dos votos. Uma conjunção improvável de fatores o transformou em presidente da Câmara. Isso só foi possível devido ao apoio da esquerda e à reação dos grandes partidos às manobras de Eduardo Cunha e do centrão.

Fontes: Diário do Poder e Folha de S.Paulo