Por Carlos Newton

As próximas pesquisas estão sendo aguardadas em clima de ansiedade total, com vários candidatos à beira de um ataque de nervos. A próxima apuração do Instituto Datafolha já trará os primeiros efeitos políticos do atentado ao deputado Jair Bolsonaro, que lidera com folga a disputa.  Além disso, as novas pesquisas revelarão mais claramente o potencial de transferência de votos de Lula da Silva para o substituto Haddad.

EFEITO FACADA – O mais importante, no momento, será o efeito da facada levou Bolsonaro para a emergência hospitalar, com grave risco de perder a vida. Não se pode prever o que ocorrerá, porque o resultado tanto pode ser positivo, pela vitimização do candidato, quanto negativo, pela lição de que pregar a radicalização e a força, como Bolsonaro faz, pode acarretar uma reação contrária verdadeiramente insana.

Posso estar equivocado, mas na minha opinião o efeito será positivo para o candidato do PSL, que não poderá fazer campanha, pois a recuperação é demorada, mas dará declarações diárias à imprensa. A alta rejeição a seu nome, que é o fator mais negativo e poderia evitar sua eleição no segundo turno, pode ser reduzida devido à comoção nacional causada pelo ensandecido atentado.

ADEUS ÀS ILUSÕES – Enquanto isso, alguns concorrentes do segundo escalão já começam a se despedir da disputa, como Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e o resto da galera da rabeira. Dias chegou a esboçar um avanço, mas depois estacionou, enquanto Meirelles jamais foi candidato de verdade, pois o MDB nunca teve verdadeira disposição de apoiá-lo.

A bola da vez agora é Geraldo Alckmin, que vem fazendo uma campanha insossa, não consegue entusiasmar o “Centrão” e está sendo traído no atacado e no varejo, dependendo das peculiaridades da política em cada Estado.

Se Alckmin continuar empacado na próxima pesquisas do Instituto Datafolha, que será divulgada segunda-feira, e depois no levantamento da CNT/MDA, pode dar adeus às ilusões e fechar a sorveteria do picolé com chuchu.

VOTOS DE LULA – Outra grande expectativa é sobre a capacidade de Lula da Silva transferir votos. É bom lembrar que, na pesquisa espontânea de todos os institutos (“Em quem você vai votar?”, sem apresentação da lista de candidatos), Lula nunca teve mais de 20% dos votos, ficava por volta de 17% ou 18%.

Já se sabe que uma parte desses votos não será transferida para Haddad, que precisará ter mais de 20% para chegar ao segundo turno e enfrentar Jair Bolsonaro. Na mais recente pesquisa Ibope, o substituto de Lula chegou a 6%, em viés de alta e deve continuar subindo, mas ninguém até que ponto ele vai.

Por enquanto, a eleição está sendo decidida por Bolsonaro e um tertius, a ser escolhido entre Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), empatados em 12 pontos, enquanto o candidato do PSL folga na frente com 22 pontos. A diferença é que Marina está empacada e Ciro aparece em viés de alta em três pesquisas seguidas.