Articulistas da elite nacional da mídia em Brasília, as jornalistas Helena Chagas e Lídya Medeiros, ex-Globo, estão sempre antenadas com o que rola nos bastidores do Congresso. No relatório que produzem restrito a assinantes, o #Tag Repórter, avaliam que até adversários reconhecem que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou no primeiro teste de crise política. Fracassada a tentativa de acordo para relaxar a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) em troca de um processo de cassação no Conselho de Ética, o novo chefe do parlamento brasileiro teve habilidade para dar um cavalo-de-pau na estratégia e não confrontar o STF.

Com isso, segundo interpretam, passou a apoiar a manutenção da prisão de Silveira, posição da maioria da Casa, e articulou nesse sentido no plenário. Lira acabou por contrariar mais de uma centena de seus eleitores de três semanas atrás. Mas, ao deixar os bolsonaristas ideológicos na chapa quente, teve o cuidado de avisar o presidente da República para não entrar na briga, porque iria perder.

A leitura política do episódio é que o presidente da Câmara demarcou uma linha no apoio do Centrão ao Governo, que nem de longe é incondicional. Ao enquadrar o bolsonarismo, Lira mostrou que, antes de tudo, cuida de seus interesses. Investigado e denunciado no Supremo, não correria o risco de derrubar a prisão decretada pela Corte.

Espertamente, porém, criou uma comissão para propor mudanças no artigo da Constituição que trata da inviolabilidade e da imunidade do mandato parlamentar, regulamentando mais detalhadamente as ocasiões em que um deputado poderá ter sua prisão decretada pelo STF. Até os ácaros do tapete verde sabem que a PEC que resultar disso não irá ampliar, mas muito provavelmente restringir, as condições em que um parlamentar pode ir parar na cadeia.

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