Por Houldine Nascimento

O Brasil ultrapassou a triste marca de 600 mil mortes pela Covid-19 ontem. Só este ano, foram 405 mil vítimas da doença, fazendo o país ser o que mais registrou óbitos no mundo em 2021. Em números absolutos, está atrás apenas dos Estados Unidos (712.122 mortes).

Importante dizer que houve uma queda considerável no número de óbitos no nosso país graças ao avanço da vacinação, segundo especialistas. Diferentemente dos EUA, onde há resistência de parte da sociedade a imunizantes, a população brasileira é propensa à vacina.

Essa virtude do Brasil sempre foi posta à prova pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que possui um farto repertório de declarações contrárias às vacinas. Na abertura da 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP), ele resolveu discorrer brevemente sobre a crise sanitária e disse que houve uma “potencialização” da pandemia.

“Em que pesem as mortes. Lamentamos todas as mortes, mas houve uma politização enorme”, emendou. Até aqui, o presidente sempre buscou minimizar os efeitos da Covid-19. Além das 600.077 mortes, são mais de 20 milhões de pessoas com sequelas deixadas pela doença.

Incrivelmente, no famoso cercadinho do Palácio da Alvorada, nas lives ou em situações aleatórias, as falas do chefe do Executivo ganham corpo entre os seus apoiadores. Um exemplo disso foi a justificativa que deu a seguidores sobre o veto à distribuição gratuita de absorventes, prevista no Projeto de Lei nº 4.968/19, de autoria da deputada pernambucana Marília Arraes (PT).

O presidente afirmou que foi “obrigado a vetar” por, em suas palavras, não haver fonte de custeio. Os bolsonaristas rapidamente acataram a inverdade nas redes sociais. Mas o projeto explica que as despesas seriam custeadas a partir das “dotações orçamentárias disponibilizadas pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Inflação, desemprego e fome em alta também não importam a este segmento da sociedade. Em outros tempos, o presidente seria responsabilizado por isso. Na era Bolsonaro, o inferno são os outros.